Durante as atividades organizadas pela presidência brasileira no G20, no Rio de Janeiro, Janja participou de um painel intitulado “Políticas Públicas de Combate à Fome e à Pobreza: Empoderando Mulheres e Meninas para o Desenvolvimento Sustentável”. O evento ocorreu no Galpão da Cidadania, sede da organização não governamental Ação da Cidadania, fundada pelo sociólogo Herbert de Souza, conhecido como Betinho. A entidade tem sido um dos principais mobilizadores nacionais na luta contra a fome desde a década de 1990.
Mais cedo, Janja acompanhou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no lançamento da força-tarefa para a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. Lula enfatizou que o sucesso da iniciativa depende da vontade política dos governantes, destacando que a fome decorre predominantemente de escolhas políticas, apesar da abundância global de alimentos.
A Aliança Global pretende promover práticas eficazes como a transferência de renda, alimentação escolar, cadastro de famílias vulneráveis, apoio à primeira infância, agricultura familiar, assistência social, e a inclusão socioeconômica e produtiva. O presidente do Banco Mundial, Ajay Banga, elogiou os conceitos da iniciativa brasileira, que também propõe a taxação dos super-ricos para financiar as medidas.
Janja, vestindo uma peça confeccionada por bordadeiras de Bangladesh, destacou que o país asiático foi o primeiro a aderir à Aliança Global proposta pelo Brasil. Ela também revelou sua intenção de discutir a iniciativa em reuniões com autoridades francesas durante sua viagem a Paris, onde representará o presidente Lula na abertura dos Jogos Olímpicos, nesta sexta-feira (26).
Inspirada pelo educador Paulo Freire, Janja afirmou que o lançamento da Aliança Global representava um momento de “esperançar”, aquecendo corações ao vislumbrar um instrumento efetivo para a construção de uma sociedade justa e igualitária. Ela ressaltou a importância do direito à alimentação escolar no Brasil e o sucesso do programa Bolsa Família, cujas principais beneficiárias são mulheres chefes de família.
Janja lamentou a inclusão do Brasil no Mapa da Fome da ONU em 2022, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas destacou o progresso recente. Em 2023, 14,7 milhões de brasileiros deixaram de sofrer com a fome, segundo o Relatório das Nações Unidas sobre o Estado da Insegurança Alimentar Mundial (Sofi 2024).
O G20, formado pelas 19 maiores economias do mundo, a União Europeia e a União Africana, se consolidou como um foro global de diálogo e coordenação sobre temas econômicos, sociais e de cooperação internacional. Em dezembro, o Brasil sucedeu a Índia na presidência do G20, marcando a primeira vez que o país assume essa posição no formato atual, estabelecido em 2008. No final do ano, o Rio de Janeiro sediará a Cúpula do G20, onde será anunciada oficialmente a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza.
No painel, outros participantes também expressaram apoio à proposta brasileira. Jutta Urpilainen, comissária da União Europeia para Parcerias Internacionais, e Cindy McCain, diretora do Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas, destacaram a importância de ações focadas em mulheres e meninas e programas de alimentação escolar, respectivamente. Já Elisabetta Recine, presidenta do Consea, enfatizou a importância das organizações comunitárias no desenvolvimento de soluções eficazes contra a pobreza e a necessidade de uma abordagem sensível por parte das instituições financeiras mundiais, como o Banco Mundial.
A construção da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza é uma das principais prioridades do Brasil durante seu mandato no G20, com a esperança de que a iniciativa impulsione a criação de uma sociedade global mais justa e igualitária.