O documento, que foi divulgado na última sexta-feira, destaca a “escalada das pressões” que jornalistas e meios de comunicação enfrentam em diversos contextos políticos e econômicos, afetando a capacidade de informar a população de maneira objetiva. O presidente da SIP, José Roberto Dutriz, enfatizou que o maior desafio atualmente é a desinformação, evidenciada pela rápida disseminação de conteúdos falsos nas redes sociais e pelo impacto da inteligência artificial na manipulação de informações. Esta distorção não apenas enfraquece a confiança do público na mídia, como também ameaça os princípios democráticos essenciais.
Dutriz observou que episódios de assédio, violência e censura têm sido característicos em países que variam de Argentina, sob o governo liberal de Javier Milei, a Colômbia, dominada por Gustavo Petro, além de Canadá, Costa Rica, Cuba, El Salvador, Nicarágua, Peru e Venezuela. Em particular, a situação nos Estados Unidos tem gerado grande preocupação. A administração Trump tem adotado uma postura hostil em relação à imprensa, levando a um ambiente de trabalho cada vez mais hostil para os jornalistas.
Um caso emblemático ocorreu recentemente quando uma série de jornalistas, representando grandes veículos de comunicação, devolveu suas credenciais de acesso ao Pentágono em resposta a exigências para a pré-aprovação de suas reportagens. Essa medida foi vista como um ataque direto à liberdade de expressão, além de um reflexo da crescente animosidade contra a imprensa. O clima tenso foi ainda acentuado por ameaças de revogação de licenças de operação para emissoras que criticam o governo.
No Brasil, o cenário também é preocupante. Durante os últimos seis meses, houve um aumento das tentativas de silenciar jornalistas por meio de assédio judicial e violência, muitas vezes perpetrados por figuras públicas. Apesar de algumas decisões favoráveis à liberdade de imprensa pelo Supremo Tribunal Federal, casos de intimidação ainda são comuns. A presidenta da Comissão de Liberdade de Imprensa da SIP, Martha Ramos, expressou preocupação com campanhas coordenadas que buscam deslegitimar veículos de imprensa e jornalistas.
A situação da liberdade de imprensa no mundo, segundo a ONG Repórteres Sem Fronteiras, aponta que as condições para o jornalismo se tornaram “ruins” em metade dos países, enquanto no Brasil há uma leve melhora, subindo no ranking de 63ª para 47ª posição. Essa melhora, embora positiva, não deve ofuscar os desafios contínuos enfrentados por jornalistas no país, que permanecem sob risco constante de ataques e intimidações.
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