DIREITOS HUMANOS – Indígena Guarani Kaiowá é assassinado em ataque armado durante retomada de terra no Mato Grosso do Sul; Funai expressa “profundo pesar” pela tragédia.

A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) confirmou, no último domingo, 16, a trágica morte de um indígena da etnia Guarani Kaiowá durante um ataque violento na retomada de Pyelito Kue, situada no município de Iguatemi, no sul do Mato Grosso do Sul. Em uma declaração oficial, a Funai expressou seu “profundo pesar” pelo ocorrido e qualificou o assassinato como “inaceitável”, evidenciando a urgência de uma resposta a esse tipo de crime.

De acordo com informações de fontes da região, o indígena identificado como Vicente Fernandes Vilhalva Kaiowá, de 36 anos, foi fatalmente atingido por um tiro na cabeça por um grupo armado que invadiu a área por volta das 4 horas da manhã. O ataque, que envolveu cerca de 20 homens fortemente armados, deixou também outras quatro pessoas feridas, incluindo adolescentes e uma mulher, por tiros de armas de fogo e balas de borracha. Relatos indicam que os atacantes tentaram retirar o corpo de Vicente, mas foram impedidos pelos membros da comunidade.

As informações adicionais fornecidas ao Funai pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) revelam que os criminosos agiram de maneira agressiva, cercando a comunidade e bloqueando o acesso à área, desmantelando inclusive uma ponte que conectava a localidade. Para oferecer suporte, equipes da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) foram mobilizadas a fim de atender às vítimas.

Recentemente, teve início uma escalada de retomadas de terras por parte dos indígenas na região, motivada pela necessidade de combater a excessiva dispersão de agrotóxicos que prejudica a saúde e a segurança alimentar das aldeias. A região onde ocorreu o ataque, a Terra Indígena Iguatemipeguá I, abrange uma área de 41,5 mil hectares e aguarda há cerca de 40 anos pela finalização do processo de demarcação.

A Funai ressaltou ainda que o assassinato de mais um indígena Guarani Kaiowá ocorre em um momento crítico em que se debate a relevância dos povos indígenas na mitigação de crises climáticas, especialmente em eventos como a COP30. A organização enfatizou que, lamentavelmente, essa situação evidencia a contínua perseguição e violência contra defensores do clima.

Em resposta a essa crise, foi estabelecido, em 3 de novembro, um Grupo de Trabalho Técnico (GTT) que envolve o Ministério dos Povos Indígenas, o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar e o Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos. O objetivo é reunir informações relevantes e contribuir para a mediação de conflitos fundiários que envolvem os povos indígenas na região sul de Mato Grosso do Sul.

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