De acordo com informações de fontes da região, o indígena identificado como Vicente Fernandes Vilhalva Kaiowá, de 36 anos, foi fatalmente atingido por um tiro na cabeça por um grupo armado que invadiu a área por volta das 4 horas da manhã. O ataque, que envolveu cerca de 20 homens fortemente armados, deixou também outras quatro pessoas feridas, incluindo adolescentes e uma mulher, por tiros de armas de fogo e balas de borracha. Relatos indicam que os atacantes tentaram retirar o corpo de Vicente, mas foram impedidos pelos membros da comunidade.
As informações adicionais fornecidas ao Funai pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) revelam que os criminosos agiram de maneira agressiva, cercando a comunidade e bloqueando o acesso à área, desmantelando inclusive uma ponte que conectava a localidade. Para oferecer suporte, equipes da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) foram mobilizadas a fim de atender às vítimas.
Recentemente, teve início uma escalada de retomadas de terras por parte dos indígenas na região, motivada pela necessidade de combater a excessiva dispersão de agrotóxicos que prejudica a saúde e a segurança alimentar das aldeias. A região onde ocorreu o ataque, a Terra Indígena Iguatemipeguá I, abrange uma área de 41,5 mil hectares e aguarda há cerca de 40 anos pela finalização do processo de demarcação.
A Funai ressaltou ainda que o assassinato de mais um indígena Guarani Kaiowá ocorre em um momento crítico em que se debate a relevância dos povos indígenas na mitigação de crises climáticas, especialmente em eventos como a COP30. A organização enfatizou que, lamentavelmente, essa situação evidencia a contínua perseguição e violência contra defensores do clima.
Em resposta a essa crise, foi estabelecido, em 3 de novembro, um Grupo de Trabalho Técnico (GTT) que envolve o Ministério dos Povos Indígenas, o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar e o Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos. O objetivo é reunir informações relevantes e contribuir para a mediação de conflitos fundiários que envolvem os povos indígenas na região sul de Mato Grosso do Sul.









