DIREITOS HUMANOS –

Gaza em Ruínas: Profissionais Alertam sobre Crise Humanitária e Destruição Aterradora

Profissionais da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) que estiveram na Faixa de Gaza recentemente descreveram uma realidade alarmante, marcada pela devastação causada pelos bombardeios do exército israelense. Damares Giuliana, coordenadora do MSF em Jerusalém Oriental, relatou que impressionantes 94% dos hospitais em Gaza estão fora de operação devido a ataques diretos, enquanto os 6% que permanecem funcionando também foram severamente danificados.

O quadro assistido por Damares é desolador. “O que está acontecendo ali é limpeza étnica. Esses atos podem ser considerados crimes de guerra, crimes contra a humanidade e até genocídio”, afirmou ela, sublinhando a gravidade da situação humanitária e a consulta à alimentação como uma arma de guerra. “A proibição de alimentos mina todas as possibilidades de sobrevivência, já que não há água, eletricidade, nem aquecimento para enfrentar o inverno.”

Os impactos são profundos: Israel tem bombardeado hospitais e escolas, restringindo também a circulação de veículos. Isso obriga as pessoas a percorrer longas distâncias em busca de alimentos escassos, expondo-as a novos ataques aéreos e de terra.

Recentemente, a MSF organizou um encontro na Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio de Janeiro, onde médicos e enfermeiros relataram suas experiências na região devastada. Desde março, as restrições de suprimentos médicos impuestas por Israel têm intensificado a crise. O fechamento das fronteiras proibiu a entrada de materiais essenciais, exacerbando a situação.

A Faixa de Gaza é um território de alta densidade populacional, com aproximadamente 2,2 milhões de habitantes concentrados em apenas 15% do espaço disponível, uma condição piorada pelas ordens de despejo e militarização israelense. O conflito se intensificou após ataques do Hamas a vilarejos israelenses em outubro de 2023, resultando em um massacre que deixou cerca de 1,2 mil mortos e um saldo devastador de vítimas palestinas.

Os recentes bombardeios israelenses em Gaza já causaram mais de 56 mil mortes e feriram mais de 100 mil pessoas, além de arrasarem escolas, hospitais e outras infraestruturas essenciais. O objetivo declarado de Israel é resgatar reféns e eliminar o Hamas, mas a isso se soma um bloqueio rigoroso nas fronteiras, que agrava a crise humanitária.

Diante desta tragédia, a enfermeira Ruth Barros compartilhou suas experiências durante dois meses na região norte de Gaza. Anteriormente aos novos bombardeios, a disponibilidade de suprimentos, frutas e vegetais era razoável, mas a situação mudou drasticamente após o início do bloqueio. “As necessidades aumentaram enquanto nossa capacidade de resposta diminuía. O norte de Gaza é um cenário de destruição completa, com pessoas vivendo em tendas e todas as unidades de saúde devastadas”, frisou ela.

A pressão psicológica sobre a população é igualmente alarmante. Muitas crianças apresentam sintomas de estresse pós-traumático, enquanto adultos lutam contra a depressão. Ruth destacou que a situação básica de saúde está em colapso, a água e a comida são escassas e a desnutrição se alastrou.

O médico Paulo Reis, que coordenou um hospital de campanha, também pontuou que a quantidade de vítimas é sem precedentes. “Cada vez menos estruturas de saúde estão de pé. Fizemos entre 20 e 30 cirurgias diárias em vítimas de bombardeios. A frequência dos ataques é incessante, com explosões a cada momento, tornando impossível para as pessoas interromperem suas atividades cotidianas”, relatou.

O cenário humanitário em Gaza é, portanto, uma emergência crítica que exige atenção urgente e ação por parte da comunidade internacional para aliviar o sofrimento de milhões.

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