O principal interesse dos garimpeiros é a extração de ouro, com 85,4% dos 263 mil hectares explorados destinados a essa atividade. O estudo também revelou que esses garimpos ilegais estão se expandindo em áreas de proteção e restritas à atividade. Os Parques Nacionais do Jamanxin, do Rio Novo e da Amazônia, no Pará, a Estação Ecológica Juami Jupurá, no Amazonas, e a Terra Indígena Yanomami são alguns exemplos dessas áreas que estão sendo invadidas pelos garimpeiros.
“O tamanho desses garimpos sobressai nos mapas, sendo facilmente identificável até por leigos. Surpreende que ano após ano ainda subsistam. Sua existência e seu crescimento são evidências de apoio econômico e político à atividade, sem os quais não sobreviveriam, uma vez que estão em áreas onde o garimpo é proibido”, afirmou César Diniz, coordenador técnico do mapeamento de mineração do MapBiomas.
A pesquisa também apontou um crescimento preocupante do garimpo em áreas protegidas nos últimos cinco anos. Em 2022, mais de 25 mil hectares em Terras Indígenas e 78 mil hectares em Unidades de Conservação estavam ocupados pela atividade. Comparado a 2018, esses números representam um aumento de 190% e 74%, respectivamente.
Nas Terras Indígenas, 15,7 mil hectares foram ocupados pelos garimpeiros em 2022, um aumento de 265%. As Terras Indígenas mais invadidas são a Kayapó, Munduruku, Yanomami, Tenharim do Igarapé Preto e Sai-Cinza. Já nas Unidades de Conservação, as mais afetadas são a APA do Tapajós, a Flona do Amaná, a Esec Juami Jupurá, a Flona do Crepori e a Parna do Rio Novo.
Uma das consequências graves desse garimpo ilegal é o assoreamento dos rios e a contaminação de suas águas. As bacias mais afetadas são Tapajós, Teles Pires, Jamanxim, Xingu e Amazonas, que juntas representam 66% da área garimpada no país.
Por outro lado, o estudo revelou que não houve crescimento na área ocupada pela mineração industrial em 2022. Em relação ao ano anterior, a área permaneceu em cerca de 180 mil hectares. No total, a mineração industrial representa 40% da área explorada pela atividade no Brasil.
Os estados com maior área ocupada pela mineração industrial são Pará, Mato Grosso e Minas Gerais. O município de Itaituba, no Pará, é o mais afetado, com 71 mil hectares minerados. Jacareacanga (PA) e Peixoto de Azevedo (MT) também registram áreas significativas de mineração.
Os dados do MapBiomas revelam uma situação alarmante em relação ao garimpo ilegal no Brasil, especialmente na Amazônia. É urgente que medidas efetivas sejam tomadas para combater essa atividade ilegal, que causa danos irreparáveis ao meio ambiente e às comunidades indígenas e tradicionais que vivem nessas áreas protegidas.