O levantamento incluiu a participação de profissionais da Aldeias Infantis SOS, além de grupos focais com cuidadores e depoimentos de especialistas em assistência social, como membros de Centros de Referência de Assistência Social (Cras) e do Ministério Público. A pesquisa também foi fundamentada em uma análise precisa das necessidades das famílias, apontando que um modelo de atuação integrado — que envolve escuta ativa, suporte psicológico e articulações com serviços públicos — é eficaz para evitar a separação de crianças e adolescentes de seus lares.
Michéle Mansor, gerente Nacional de Desenvolvimento Programático da Aldeias Infantis SOS, destacou que os resultados ressaltam a importância do compromisso contínuo com o cuidado que, segundo ela, reduz drasticamente as chances de uma criança ser afastada de sua família. “Uma atuação próxima e individualizada transforma realidades”, enfatizou Michéle, sublinhando o papel fundamental da sociedade e do Estado em criar condições que assegurem o desenvolvimento saudável das crianças.
O documento resultante deste estudo também apresentou recomendações ao poder público e à sociedade civil, sugerindo a necessidade de financiamento contínuo para fortalecimento familiar e melhor articulação entre diferentes serviços, que vão desde assistência social até educação e saúde. De acordo com a pesquisa, é vital que as políticas públicas reconheçam e enderecem a diversidade dos arranjos familiares, promovendo um esforço coletivo para garantir que nenhuma criança cresça sozinha.
José Carlos Sturza de Moraes, cientista social e pesquisador do Instituto Bem Cuidar da Aldeias Infantis SOS, enfatizou a relevância da escuta ativa, especialmente em famílias em situação de vulnerabilidade, destacando que o Estado tem a responsabilidade constitucional de proteger as famílias. Ele acrescentou que, em situações de risco iminente, é crucial agir rapidamente para preservar os vínculos familiares.
O estudo também recomendou práticas efetivas que podem ser implementadas para evitar decisões judiciais de separação, sublinhando que o suporte rápido e adequado é essencial para mitigar o sofrimento de crianças e adolescentes afetados. Apontando para uma continuidade nas suas pesquisas, a organização já havia relatado anteriormente que cerca de 32 mil jovens viviam em serviços de acolhimento no Brasil, destacando a urgência da implementação de ações de prevenção e apoio à famílias. Com a concentração de casos nas regiões Sudeste e Sul, a necessidade de intervenções eficazes é cada vez mais crítica.