DIREITOS HUMANOS – Feminicídios no Rio de Janeiro: 107 assassinatos em 2024 destacam aumento e violência familiar como principais causas. Dados alarmantes do Dossiê Mulher 2024.

O estado do Rio de Janeiro enfrentou um alarmante aumento no número de feminicídios, totalizando 107 assassinatos de mulheres em 2024. Dentre esses casos, mais de 60% das vítimas foram mortas por seus parceiros ou ex-parceiros, evidenciando uma preocupante relação de familiaridade entre vítima e agressor. Além disso, 15 mulheres foram assassinadas por outros membros da família, e pelo menos 69 perderam a vida dentro de suas próprias casas. Esses dados foram revelados na 20ª edição do Dossiê Mulher, elaborado pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) do estado, que se baseou em registros de ocorrência policial.

Em comparação com o ano anterior, quando 99 feminicídios foram reportados, é visível um crescimento significativo e alarmante desse tipo de crime, que é caracterizado como assassinatos relacionados à violência de gênero, frequentemente ocorrendo dentro do contexto da violência doméstica. No total, feminicídios corresponderam a 76% dos assassinatos de mulheres no estado, que somaram 141 no ano em questão. Além disso, as tentativas de feminicídio também aumentaram, com 382 registros, onde 79% dos autores eram companheiros ou ex-companheiros das vítimas.

O dossiê ainda revela informações essenciais sobre o perfil das vítimas e seus agressores. Das 107 mulheres assassinadas, 71 eram mães, incluindo 33 que tinham filhos menores de idade. Tragicamente, 13 delas foram mortas diante de seus filhos. A maioria dessas mulheres estava na faixa etária de 30 a 59 anos, e uma expressiva parcela, 71%, era composta por mulheres negras.

Os dados apresentados também indicam que o feminicídio frequentemente é o resultado de um histórico de violência já existente. Entre as 107 vítimas, 77 já haviam sofrido agressões anteriormente, mas apenas 17 formalizaram denúncias e apenas 13 tinham medidas protetivas em vigor no momento de suas mortes. Isso sugere que, em muitos casos, havia oportunidades para intervenções preventivas que poderiam ter salvado essas vidas.

A análise dos agressores revela que quase 60% deles possuíam registros criminais anteriores, sendo os crimes mais comuns ameaças e violência doméstica. Muitas confissões às autoridades indicaram motivações ligadas à rejeição do término do relacionamento ou ciúmes. A maioria dos autores, 61, foi presa em flagrante ou após a investigação, embora haja casos de foragidos.

Além dos feminicídios, o Dossiê Mulher trouxe à luz uma série de outras violências de gênero, com mais de 154 mil mulheres reportando ser vítimas em 2024, o que equivale a 421 atendimentos diários. A violência psicológica foi a mais prevalente, seguida de incidências alarmantes de violência sexual, que geraram 8.339 registros, com a maior parte envolvendo estupros, especialmente de vítimas menores de idade.

Esses dados indicam não apenas um problema de saúde pública, mas também uma grave crise social que demanda ações urgentes e efetivas no combate à violência contra as mulheres. A sociedade e o sistema de justiça precisam estar alertas e prontos para agir em resposta a essa tragédia contínua.

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