Em comparação com o ano anterior, quando 99 feminicídios foram reportados, é visível um crescimento significativo e alarmante desse tipo de crime, que é caracterizado como assassinatos relacionados à violência de gênero, frequentemente ocorrendo dentro do contexto da violência doméstica. No total, feminicídios corresponderam a 76% dos assassinatos de mulheres no estado, que somaram 141 no ano em questão. Além disso, as tentativas de feminicídio também aumentaram, com 382 registros, onde 79% dos autores eram companheiros ou ex-companheiros das vítimas.
O dossiê ainda revela informações essenciais sobre o perfil das vítimas e seus agressores. Das 107 mulheres assassinadas, 71 eram mães, incluindo 33 que tinham filhos menores de idade. Tragicamente, 13 delas foram mortas diante de seus filhos. A maioria dessas mulheres estava na faixa etária de 30 a 59 anos, e uma expressiva parcela, 71%, era composta por mulheres negras.
Os dados apresentados também indicam que o feminicídio frequentemente é o resultado de um histórico de violência já existente. Entre as 107 vítimas, 77 já haviam sofrido agressões anteriormente, mas apenas 17 formalizaram denúncias e apenas 13 tinham medidas protetivas em vigor no momento de suas mortes. Isso sugere que, em muitos casos, havia oportunidades para intervenções preventivas que poderiam ter salvado essas vidas.
A análise dos agressores revela que quase 60% deles possuíam registros criminais anteriores, sendo os crimes mais comuns ameaças e violência doméstica. Muitas confissões às autoridades indicaram motivações ligadas à rejeição do término do relacionamento ou ciúmes. A maioria dos autores, 61, foi presa em flagrante ou após a investigação, embora haja casos de foragidos.
Além dos feminicídios, o Dossiê Mulher trouxe à luz uma série de outras violências de gênero, com mais de 154 mil mulheres reportando ser vítimas em 2024, o que equivale a 421 atendimentos diários. A violência psicológica foi a mais prevalente, seguida de incidências alarmantes de violência sexual, que geraram 8.339 registros, com a maior parte envolvendo estupros, especialmente de vítimas menores de idade.
Esses dados indicam não apenas um problema de saúde pública, mas também uma grave crise social que demanda ações urgentes e efetivas no combate à violência contra as mulheres. A sociedade e o sistema de justiça precisam estar alertas e prontos para agir em resposta a essa tragédia contínua.









