Durante a coleta de dados, que fez parte do Censo 2022, o IBGE focou em vias públicas, contabilizando apenas árvores com pelo menos 1,70 metro de altura e excluindo vegetação que está em quintais particulares. As vias consideradas incluem ruas, becos, escadarias e palafitas. A análise foi realizada em 656 municípios que apresentam registros de favelas.
Os números indicativos são bastante preocupantes. No total, 16,4 milhões de pessoas vivem em 12.348 favelas, e uma expressiva parcela de mais de 10 milhões desses indivíduos é afetada pela ausência de árvores nas proximidades de suas residências. Em Belém, que sediou a COP30, o quadro é ainda mais desolador, já que 65,2% dos moradores da cidade também não têm árvores na frente de suas casas.
Filipe Borsani, chefe do Setor de Pesquisas Territoriais do IBGE, relaciona essa falta de arborização à qualidade de vida urbana. Ele argumenta que a presença de árvores é fundamental, especialmente em um cenário de aquecimento global, pois contribui para o conforto térmico e melhora as condições do ambiente urbano.
Durante a COP30, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima lançou um Plano Nacional de Arborização Urbana. O objetivo deste plano é aumentar a cobertura vegetal nas cidades, que atualmente se encontra aquém do desejado.
Os dados do IBGE também apresentam uma distinção no número de árvores em diferentes favelas. Apenas 35,4% dos moradores têm alguma árvore nas proximidades, e aqueles que vivem em favelas pequenas são os que mais se beneficiam dessa presença arbórea. Em favelas com até 250 habitantes, 45,9% das pessoas residem perto de uma árvore, enquanto nas maiores, essa porcentagem cai para 31,8%.
Além da questão da arborização, o levantamento também abordou a infraestrutura urbana, especialmente a presença de bueiros, essenciais para o escoamento das águas da chuva. Aproximadamente 45,4% dos residentes de favelas têm acesso a bueiros nas vias em que moram, percentual que aumenta para 61,8% fora das favelas. A densidade populacional da favela tem impacto sobre a presença de bueiros: enquanto apenas 38% dos habitantes de favelas pequenas têm bueiros, essa cifra sobe para 54,1% nas maiores.
Esses dados revelam não apenas as condições de infraestrutura nas favelas, mas também sublinham a urgência de políticas públicas voltadas para melhorar a qualidade de vida nas áreas mais vulneráveis do Brasil.









