DIREITOS HUMANOS – Favelas do Brasil enfrentam grave déficit de arborização, com 64,6% dos moradores sem árvores em suas ruas, revela novo censo do IBGE.

No contexto da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, realizada no Brasil, um novo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou dados alarmantes sobre a presença de árvores em favelas. Segundo a pesquisa, cerca de 64,6% dos habitantes de favelas brasileiras residem em bairros onde não há nenhuma árvore em áreas públicas. Este número destaca uma desigualdade acentuada em comparação às áreas fora das favelas, onde a proporção de moradores sem árvores cai para 31%.

Durante a coleta de dados, que fez parte do Censo 2022, o IBGE focou em vias públicas, contabilizando apenas árvores com pelo menos 1,70 metro de altura e excluindo vegetação que está em quintais particulares. As vias consideradas incluem ruas, becos, escadarias e palafitas. A análise foi realizada em 656 municípios que apresentam registros de favelas.

Os números indicativos são bastante preocupantes. No total, 16,4 milhões de pessoas vivem em 12.348 favelas, e uma expressiva parcela de mais de 10 milhões desses indivíduos é afetada pela ausência de árvores nas proximidades de suas residências. Em Belém, que sediou a COP30, o quadro é ainda mais desolador, já que 65,2% dos moradores da cidade também não têm árvores na frente de suas casas.

Filipe Borsani, chefe do Setor de Pesquisas Territoriais do IBGE, relaciona essa falta de arborização à qualidade de vida urbana. Ele argumenta que a presença de árvores é fundamental, especialmente em um cenário de aquecimento global, pois contribui para o conforto térmico e melhora as condições do ambiente urbano.

Durante a COP30, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima lançou um Plano Nacional de Arborização Urbana. O objetivo deste plano é aumentar a cobertura vegetal nas cidades, que atualmente se encontra aquém do desejado.

Os dados do IBGE também apresentam uma distinção no número de árvores em diferentes favelas. Apenas 35,4% dos moradores têm alguma árvore nas proximidades, e aqueles que vivem em favelas pequenas são os que mais se beneficiam dessa presença arbórea. Em favelas com até 250 habitantes, 45,9% das pessoas residem perto de uma árvore, enquanto nas maiores, essa porcentagem cai para 31,8%.

Além da questão da arborização, o levantamento também abordou a infraestrutura urbana, especialmente a presença de bueiros, essenciais para o escoamento das águas da chuva. Aproximadamente 45,4% dos residentes de favelas têm acesso a bueiros nas vias em que moram, percentual que aumenta para 61,8% fora das favelas. A densidade populacional da favela tem impacto sobre a presença de bueiros: enquanto apenas 38% dos habitantes de favelas pequenas têm bueiros, essa cifra sobe para 54,1% nas maiores.

Esses dados revelam não apenas as condições de infraestrutura nas favelas, mas também sublinham a urgência de políticas públicas voltadas para melhorar a qualidade de vida nas áreas mais vulneráveis do Brasil.

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