DIREITOS HUMANOS – “Exposição Virtual no Memorial da Resistência Retrata Violências Sofridas pela Comunidade LGBTQIA+ Durante a Ditadura e Lança Podcast sobre Resistência”

Neste sábado, 7 de outubro, o Memorial da Resistência de São Paulo recebe o lançamento da exposição virtual “Vidas Dissidentes em Ditadura – Repressão, Imaginário Social e Cotidiano”. Essa iniciativa, fruto da colaboração entre o Instituto Vladimir Herzog, o Acervo Bajubá e o Arquivo Lésbico Brasileiro, traz à luz a história da marginalização e da violência sofrida pela comunidade LGBTQIA+ durante a ditadura civil-militar que assolou o Brasil de 1964 a 1985, além de problemáticas que persistem até hoje.

A mostra possui um caráter educativo e reflexivo, utilizando documentação da Comissão Nacional da Verdade para oferecer um panorama abrangente da repressão que as pessoas LGBTQIA+ enfrentaram, muitas vezes em silêncio e sob o peso da heteronormatividade. Os relatos de sobreviventes são cruciais para entender não só as experiências individuais, mas também o impacto coletivo dessas violências na memória social.

Como parte do lançamento da exposição, um podcast que discute esses temas será disponibilizado ao público. O programa conta com quatro episódios que exploram os mecanismos de resistência e militância diante das estruturas opressoras. A produção do podcast e da exposição é apoiada pela Secretaria Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+ e pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, reconhecendo a importância de preservar a memória e visibilizar o que muitas vezes foi relegado ao esquecimento.

Lorrane Rodrigues, coordenadora executiva da área de Memória, Verdade e Justiça do Instituto Vladimir Herzog, ressalta que os depoimentos das vítimas são fundamentais para a construção de uma história mais inclusiva. A exposição busca também evitar a revitimização, sendo cuidadosa na apresentação deste material sensível. A luta para trazer à tona essas narratives é uma resposta ao silêncio histórico que cercou as vivências LGBTQIA+.

Além de focar nas violências do passado, a mostra ilumina a criatividade e a resistência da comunidade, destacando como, mesmo em um período de repressão severa, houve uma intensa preocupação em registrar e documentar as experiências vividas. Na década de 1970 e 1980, militantes começaram a arquivar informações valiosas que hoje são a base de acervos como o Bajubá e o ALB, vitais para a preservação da memória histórica.

Rodrigues também enfatiza que, apesar dos avanços, ainda existem desafios significativos. O acesso a arquivos, muitas vezes controlados por instituições de poder que escolhem o que mostrar e omitir, representa um obstáculo na busca por reconhecimento e justiça. As dificuldades para captar recursos para iniciativas dessa natureza também refletem uma resistência institucional em reconhecer as violências sofridas pelas pessoas LGBTQIA+.

A resistência da comunidade LGBTQIA+ é marcada não apenas pelo enfrentamento, mas pelo amor e pela busca de espaços de sociabilidade. Lorrane compartilha a importância de representar as experiências de alegria e celebração, mesmo nos momentos mais sombrios da história, como exemplificado por fotografias de travestis e trans em momentos de dança e riso, que simbolizam uma vida vibrante, desafiando a opressão.

O evento de lançamento da exposição virtual e do podcast “Vidas Dissidentes em Ditadura – Repressão, Imaginário Social e Cotidiano” ocorrerá das 14h às 17h no Memorial da Resistência, localizado no Largo General Osório, 66 – Santa Ifigênia, em São Paulo.

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