Os estados analisados no estudo apresentaram números chocantes quanto à proporção de vítimas negras em mortes por intervenção do Estado. Destacam-se os casos da Bahia, com 94,6% das vítimas sendo negras, e Pernambuco, com 95,7%. A cientista social e coordenadora da Rede, Silvia Ramos, enfatizou que esses números escandalosos refletem o racismo estrutural presente em diversas áreas da sociedade, especialmente na segurança pública.
A juventude é apontada como a parcela mais frequentemente vitimada pela violência policial, com destaque para a faixa etária de 18 a 29 anos. A situação é alarmante no Ceará, onde 69,4% das vítimas se enquadram nesse grupo. O estudo também revelou que, em todos os estados analisados, 243 das vítimas eram crianças e adolescentes de 12 a 17 anos, o que demonstra a brutalidade das ações policiais.
Alguns estados apresentaram redução na letalidade policial em relação ao ano anterior. O Amazonas registrou uma queda de 40,4%, com a maioria das mortes ocorrendo no interior do estado. Maranhão, Piauí e Rio de Janeiro também apresentaram diminuições significativas, enquanto Bahia e São Paulo registraram aumento no número de óbitos.
Apesar da importância dos dados fornecidos pela pesquisa, ainda há lacunas a serem preenchidas. Alguns estados não forneceram informações de raça e cor de todas as vítimas, o que compromete a análise qualificada da realidade. Os organizadores do estudo ressaltam a necessidade de transparência por parte dos governos para que medidas efetivas possam ser tomadas visando uma sociedade mais segura e justa para todos.
Diante desses números alarmantes, é fundamental que as autoridades estaduais se pronunciem e adotem medidas eficazes para conter a violência policial e garantir os direitos da população. A violência institucional e o racismo estrutural não podem mais ser tolerados em uma sociedade que busca a equidade e a justiça para todos os seus cidadãos.