DIREITOS HUMANOS – Documentário “Rejeito” Exprime Vozes de Comunidades Ameaçadas pela Mineração em Minas Gerais e Denuncia o “Terrorismo de Barragens” nas Relações com Mineradoras.

Na última semana, o cenário cinematográfico brasileiro foi agraciado com a estreia do documentário Rejeito, uma obra visceral criada pelo diretor Pedro de Filippi. Ao longo de quatro anos, a produção fez um minucioso trabalho de investigação nas pequenas cidades de Minas Gerais, como Socorro e Barão de Cocais, que enfrentam os impactos das atividades mineradoras. O filme já conquistou o público em diversos festivais de cinema, tanto nacionais quanto internacionais, destacando a urgência dos temas ambientais abordados.

Rejeito mergulha na vida cotidiana dos habitantes dessas comunidades, permitindo que vozes locais sejam ouvidas e discutindo as intimidações enfrentadas por elas. Um dos focos do documentário é a exploração do medo, gerado por potenciais desastres naturais, que é utilizado como uma ferramenta perversa para pressionar comunidades a abandonarem seus territórios em função da expansão das atividades mineradoras.

A resistência a essa pressão é liderada por figuras como Maria Tereza Corujo, conhecida como Teca, uma ambientalista com vasta experiência na luta pelos direitos locais desde a década de 1990. Teca relata que as mineradoras têm manipulado o poder público, devastado recursos naturais e fragmentado os laços sociais das comunidades. Ela expõe um panorama alarmante: em Socorro, 90% da área já pertence à Vale, com promessas de retorno às comunidades constantemente adiadas.

O documentário aborda o que é denominado “terrorismo de barragens”, caracterizando a estratégia das empresas em gerar medo e incertezas, resultando na deslocação forçada de moradores e na desconfiguração da identidade comunitária. Pedro de Filippi destaca que essa estratégia se insere em um contexto mais amplo de apropriação capitalista, onde o medo é utilizado para tornar viável o acesso a áreas que demandariam resistência.

As exibições do filme tiveram início nas próprias comunidades afetadas, com o realizador fazendo questão de retornar aos locais de filmagem. Ele planeja levar Rejeito a outras cidades sob a pressão de grandes projetos mineradores, como o Projeto Apolo, que visa se tornar o maior empreendimento de mineração de ferro do Brasil.

A escolha da estreia em cinemas paulista foi estratégico, alinhando a exibição à aproximação do décimo aniversário do rompimento da barragem de Mariana, um desastre que ecoa nas narrativas locais. Desde sua conclusão, o filme circulou amplamente, fortalecendo um movimento de resistência em Minas Gerais.

Por outro lado, a Vale, principal mineradora da região, se posicionou em relação às críticas, afirmando que tem trabalhado continuamente para minimizar os impactos de suas operações. A empresa alegou estar em constante diálogo com as comunidades afetadas e investindo em iniciativas culturais, como o apoio a artistas locais e a criação de um museu em Mariana.

Rejeito não traz promessas de soluções instantâneas, mas é um importante registro da luta pela justiça social e ambiental, refletindo um forte movimento que ressoa entre os que buscam proteger suas casas e seus modos de vida.

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