O texto destaca a luta histórica de mulheres rurais, que, mesmo diante de adversidades como a pobreza extrema e a insegurança alimentar, se organizam para promover mudanças significativas. Um fato alarmante apresentado pela ONU mostra que, se as atuais tendências continuarem, até 2030, cerca de 351 milhões de mulheres e meninas estarão em situação de extrema pobreza. No Brasil, as mulheres representam aproximadamente 30% da força de trabalho no campo e gerenciam cerca de 20% dos negócios agrícolas, conforme dados do Censo Agropecuário de 2017. Um desafio significativo é que quase metade dessas trabalhadoras não possui vínculo formal, o que impede o acesso a direitos básicos como licença-maternidade e aposentadoria.
As disparidades salariais também são notórias: as mulheres ganham, em média, 20% menos que os homens em funções equivalentes, além de lidarem com a dupla jornada de trabalho e a falta de políticas públicas adequadas. Alessandra Bambirra, auditora-fiscal do Trabalho, enfatiza a necessidade de garantir direitos e valorizar o trabalho feminino no campo, crucial para o fortalecimento econômico e social dessas mulheres.
Em resposta a essa demanda, o Ministério das Mulheres destacou iniciativas voltadas para a autonomia econômica das mulheres rurais, como o Fórum Nacional Permanente de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres do Campo, da Floresta e das Águas. Este fórum busca desenvolver estratégias integradas para melhorar a situação dessas trabalhadoras.
Além disso, o Projeto Rural Sustentável, que atua na Amazônia e no Cerrado, visa potencializar a autonomia financeira feminina, fortalecendo cadeias produtivas ali. Com a participação de mais de 1.500 mulheres em diferentes estados, histórias como a de Sônia Maria de Abreu, que enfrenta barreiras para o acesso a crédito rural, ilustram os desafios encontrados no dia a dia. Sônia, que cultiva uma variedade de produtos em Goiás, destaca a persistência das mulheres em buscar maior valorização no setor, reforçando que a dedicação feminina deve ser reconhecida.
Em Rondônia, a história de Ediana Capich também é emblemática. Representando a terceira geração de cafeicultores na sua família, ela não apenas contribui na produção do café robusta amazônico, mas também reflete sobre a valorização e a visão precisa que as mulheres trazem ao trabalho rural. Para Ediana, o valor do seu trabalho deve ser equivalente ao esforço realizado, evidenciando a necessidade de reconhecimento e valorização das mulheres no campo.
Neste Dia Internacional das Mulheres Rurais, fica claro que, embora haja muitos desafios a serem superados, o papel dessas trabalhadoras é fundamental para o desenvolvimento sustentável e o fortalecimento das comunidades em todo o mundo.