Rodrigues reconheceu que as conquistas do movimento negro, impulsionadas por figuras como Abdias Nascimento e Lélia Gonzalez, contribuíram para a construção de um Brasil mais democrático. No entanto, ele alertou que o racismo no país se manifesta de forma complexa e contínua, caracterizado por um sistema que ainda marginaliza a população negra. Essa realidade é evidenciada pelas altas taxas de violência nas comunidades afrodescendentes, com uma frequente tragédia decorrente da brutalidade policial.
Além disso, Rodrigues ressaltou a importância da Serra da Barriga, onde se localiza o Quilombo dos Palmares, o maior e mais duradouro das Américas. A Fundação Palmares tem trabalhado em iniciativas para preservar este património cultural, destacando que a memória e a resistência afro-brasileira são vitais para a identidade nacional. Após um período sem celebrações, a volta das comemorações no local, junto à criação do feriado nacional, é vista como um passo crucial para a promoção da justiça social e igualdade de oportunidades.
Larissa Santiago, secretária-executiva do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial, também destacou os progressos nas discussões sobre igualdade racial. As políticas de educação, como as cotas raciais nas universidades, têm promovido maior inclusão, permitindo que a presença de pessoas negras em instituições de ensino cresça. Contudo, ela reconheceu que ainda existem muitos desafios a serem enfrentados, principalmente em áreas como saúde e segurança pública, que afetam desproporcionalmente a população negra.
Neste contexto, tanto Rodrigues quanto Santiago enfatizaram a importância de um compromisso contínuo com a luta por direitos e reconhecimento. O legado de resistência dos negros brasileiros é indiscutível, e a busca por reparações históricas, embora lenta, é vista como uma questão de justiça e urgência para a construção de um futuro mais equitativo para todos os cidadãos.
