Os números, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), refletem a realidade de famílias em todas as regiões do Brasil, coletando informações sobre hábitos alimentares dos últimos 90 dias e caracterizando a gravidade da insegurança alimentar. A pesquisa define como insegurança alimentar grave os casos em que os moradores, incluindo crianças, relataram uma redução drástica ou total falta de alimentos.
Vale destacar que, enquanto 45,1% dos lares brasileiros são chefiados por pretos e pardos, esses grupos também constituem uma porcentagem desproporcional entre os domicílios que enfrentaram fome, alcançando 24,4% em comparação a 41,5% de lares brancos. Essa discrepância evidencia a fragilidade socioeconômica que esses grupos enfrentam.
Outro aspecto importante é a desigualdade de gênero. As mulheres representam 51,8% dos chefes de família no país e, entre os lares com insegurança alimentar grave, 57,6% têm uma mulher como responsável. Quando se considera todos os tipos de insegurança alimentar, a participação das mulheres aumenta para 59,9%, indicando que elas estão especialmente vulneráveis a essa situação.
Além de gênero e raça, a pesquisa indica que a pobreza é um fator determinante na insegurança alimentar. Aproximadamente 71,9% dos domicílios em situação de insegurança alimentar grave ou moderada têm uma renda mensal per capita de até um salário mínimo, o que limita gravemente o acesso a alimentos adequados.
A análise etária revela que as crianças são particularmente afetadas pela fome. Entre aquelas com até 4 anos, 3,3% vivem em domicílios acometidos pela insegurança alimentar grave, porcentagem que aumenta para 3,8% na faixa etária de 5 a 17 anos. Esses dados são um reflexo das condições socioeconômicas mais difíceis nas regiões Norte e Nordeste, onde a taxa de fecundidade também é mais elevada, contribuindo para a vulnerabilidade alimentar.
Estes números são um chamado à ação urgente para lidar com as desigualdades estruturais que perpetuam a fome no Brasil, exigindo políticas públicas eficazes que visem a erradicação da pobreza e promoção de uma alimentação acessível e saudável para todos.