Desafiando Barriers: Dez Mulheres Negras Compartilham Suas Trajetórias e Desafios na Política
Em um cenário político muitas vezes hostil e repleto de desafios para candidatas, dez mulheres negras que concorreram a cargos políticos em 2024, mas não foram eleitas, se reúnem para compartilhar suas experiências em um novo livro intitulado “Rosas da Resistência: trajetórias e aprendizados de mulheres negras não eleitas”. Este lançamento, promovido pelo Instituto Marielle Franco (IMF) e pela Fundação Rosa Luxemburgo em Brasília, busca iluminar tanto as vitórias quanto as dificuldades enfrentadas por essas líderes locais.
A obra reúne histórias de mulheres como Andreia de Lima, Ayra Dias, e Bárbara Bombom, que exemplificam a conexão profunda com suas comunidades. Segundo Dandara de Paula, gerente de programas do IMF, essa ligação histórica com o território é um fator crucial nas suas candidaturas. “Elas têm uma capacidade inata de identificar e defender as pautas que realmente dialogam com as necessidades da população,” esclarece Dandara, destacando que a rejeição nas urnas não diminuiu o suporte da comunidade. “Após a eleição, elas sempre têm onde voltar, porque são figuras reconhecidas e respeitadas em seus locais,” complementa.
Entretanto, o caminho para as urnas não foi fácil. Um dos principais obstáculos enfrentados pelas candidatas foi a dificuldade de obter apoio de seus partidos políticos e de acessar o fundo eleitoral, que se tornou crucial após a proibição de doações de empresas. Cada uma das mulheres enfrentou desafios únicos nesse aspecto, que variaram desde a chegada tardia dos recursos financeiros até divergências internas dentro de suas legendas.
Um estudo recente revela a disparidade alarmante que as mulheres negras enfrentam na política: enquanto apenas 7,19% das candidatas negras foram eleitas, uma em cada dez candidatas brancas conseguiu a vitória. Essa diferença acentua as barreiras estruturais que dificultam a representatividade em um espaço que, paradoxalmente, deveria ser diversificado.
Com cerca de 60 milhões de representantes na sociedade brasileira, as mulheres negras são líderes em suas comunidades, porém continuam a enfrentar desigualdades econômicas significativas. Elas são responsáveis pela chefia da maioria das famílias, mas ganham apenas 16% do rendimento total do país.
O livro também destaca a importância do apoio financeiro que as mulheres receberam após as eleições, permitindo que se reerguessem profissionalmente. Além disso, elas se uniram à agenda Marielle Franco, um conjunto de práticas que visa promover políticas antirracistas, feministas, LGBTQIAPN+ e populares, resgatando o legado da vereadora Marielle, assassinada em 2018.
O lançamento de “Rosas da Resistência”, agendado para o dia 22 às 17h na Casa Comum, é uma oportunidade de reflexão sobre a luta por igualdade e representatividade política. Este evento se insere nas ações em preparação para a Marcha Mundial das Mulheres Negras, programada para o dia 25 de novembro, onde mulheres de todo o Brasil buscarão amplificar suas vozes e pleitear reparações. Essa iniciativa é um passo significativo na jornada por um futuro mais justo e inclusivo.









