Essas mulheres, reconhecidas como lideranças em suas comunidades, possuem uma conexão profunda com o território onde vivem. Dandara de Paula, gerente de programas do Instituto Marielle Franco (IMF), ressalta que essa relação histórica com suas comunidades permitiu a elas desenvolver propostas alinhadas às necessidades locais. Mesmo após a derrota nas urnas, elas contam com o respaldo das comunidades que representam, reafirmando sua permanência e relevância no espaço social.
No entanto, a jornada delas não foi isenta de desafios. A dificuldade de acesso ao fundo eleitoral, que se tornou uma das principais fontes de financiamento para campanhas após a proibição de doações de empresas, foi um obstáculo comum. Muitas enfrentaram contratempos, como recebimento tardio de recursos ou desavenças internas nos partidos. Essas barreiras se refletem em dados alarmantes: enquanto cerca de 70% das candidatas brancas conseguiram se eleger, apenas 7,19% das mulheres negras alcançaram a mesma conquista.
Essas mulheres representam uma parcela significativa da população brasileira, cerca de 60 milhões, que também lidera muitas famílias. Apesar de sua relevância demográfica, elas enfrentam desigualdades acentuadas, recebendo apenas 16% do rendimento total do país. Essa realidade evidencia a importância da presença feminina negra nos espaços de decisão política. A presença delas é fundamental para as mudanças sociais que buscam e para a construção de políticas mais justas e representativas.
Além disso, após as eleições, o IMF ofereceu suporte financeiro para ajudar essas mulheres a se reerguerem. O livro também discute a adesão delas à agenda Marielle Franco, um conjunto de compromissos políticos que enfatizam a luta antirracista, feminista e popular, inspirados pela memória da vereadora Marielle Franco, assassinada em 2018.
O lançamento do livro ocorrerá no espaço Casa Comum, às 17h, e faz parte das ações da Marcha Mundial das Mulheres Negras, agendada para o dia 25 de novembro. Esse evento reunirá mulheres de diversas partes do país para exigir reparações e promover o bem viver, evidenciando a persistente luta por inclusão e equidade.









