Os dois estados que seguem São Paulo nas estatísticas são Rio de Janeiro e Minas Gerais, com 33.081 e 32.685 pessoas, respectivamente. Juntos, esses três estados representam cerca de 60% da população em situação de rua no Brasil, um dado que destaca a desigualdade e as dificuldades enfrentadas por essa parcela da sociedade. Quando observamos os estados da região Sul, embora os números sejam inferiores, a situação permanece preocupante. O Paraná, por exemplo, registra 17.091 pessoas nessa condição, seguido pela Bahia (16.603), Rio Grande do Sul (15.906), Ceará (13.625), Santa Catarina (11.805) e Roraima (9.954).
Um dado que chama atenção é o crescimento significativo na capital de Roraima, Boa Vista. Em 2018, apenas mil pessoas viviam nas ruas da cidade, enquanto o último levantamento revela uma cifra que quase se aproxima de 10 mil. Esse aumento, em uma cidade com menos de 500 mil habitantes, contrasta fortemente com outros centros urbanos maiores, como Brasília, Recife e Manaus, que têm população superior a um milhão e meio de pessoas cada.
O fenômeno do crescimento da população de rua não se limita a Roraima; de 2018 a 2023, o aumento no Brasil foi de 138 mil para 358 mil pessoas. O foco crítico reside na insuficiente garantia dos direitos dessa população vulnerável, majoritariamente negra e historicamente marginalizada. Especialistas alertam que o descumprimento da Constituição Federal de 1988 em relação a essas questões é patente, com escassos avanços na promoção de políticas públicas efetivas para garantir dignidade e direitos.
Além disso, o Observatório revelou uma preocupação com a falta de transparência nos dados referentes à população em situação de rua, enfatizando a necessidade de que essas informações sejam públicas, abertas e acessíveis. A ausência de dados claros e confiáveis compromete a implementação de políticas eficazes e necessárias, ressaltando a urgência de um olhar mais humanizado e inclusivo sobre essa questão, que afeta tantos brasileiros diariamente.
