DIREITOS HUMANOS – Cortes no programa de câmeras corporais da PM de SP geram preocupação nas organizações da sociedade civil

Entidades criticam possível encerramento do programa de câmeras corporais para PMs em SP

Entidades da sociedade civil demonstraram preocupação e criticaram as declarações do governador Tarcísio de Freitas sobre a possibilidade de encerramento do programa de câmeras corporais usadas nas fardas de policiais militares em São Paulo. O programa, que teve início em 2021, vem sofrendo com sucessivos cortes no orçamento ao longo de 2023, chegando a ter um valor empenhado 37% menor do que o previsto inicialmente.

As declarações do governador, dadas em entrevista à TV Globo, foram vistas pelas entidades como um possível movimento para acabar com as câmeras, o que causou preocupação. Segundo as entidades, pesquisas indicam que as câmeras corporais reduzem mortes causadas por policiais, inibem a corrupção, evitam que abordagens de menor complexidade evoluam para situações mais perigosas, diminuem os casos de agressão contra os agentes do estado e as mortes dos próprios policiais em serviço.

O comunicado criticando a posição do governador foi assinado por seis organizações: Conectas Direitos Humanos, Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Instituto Sou da Paz, Instituto Igarapé, JUSTA e Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP). Segundo as entidades, o retrocesso em uma prática que se mostra benéfica para a população e para as corporações policiais representaria uma perda grande.

Em 2023, o governo estadual cortou ao menos R$ 37,3 milhões do programa de câmeras corporais usadas nas fardas da Polícia Militar (PM). A previsão inicial era de que fossem investidos R$ 152 milhões no sistema que monitora em tempo real o trabalho dos policiais. O governador editou quatro decretos reduzindo os valores que seriam gastos nas câmeras e transferindo o dinheiro para outras despesas, como pagamento de diárias de policiais e compra de material de consumo da corporação.

Ao mesmo tempo em que o programa das câmeras vem sofrendo com cortes no orçamento, as mortes causadas por policiais militares em serviço voltaram a subir em 2023. Segundo o Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial do Ministério Público de São Paulo, até o dia 18 de dezembro, os agentes da PM em serviço mataram 330 pessoas em todo o estado, número que já supera os 262 casos registrados em 2022.

A Secretaria de Estado da Segurança Pública de São Paulo afirmou que o governo estadual planeja ampliar os investimentos em tecnologia e monitoramento em 2024, integrando soluções e garantindo maior proteção ao cidadão. A pasta garante que o programa de câmeras corporais se mantém, com contratos de manutenção ativos previstos no orçamento deste ano, mas sem dados específicos sobre o planejamento.

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