A participação brasileira destaca-se por meio de uma delegação composta por mais de 50 representantes de associações de familiares, que se conectam ao evento a partir da sede do CICV em São Paulo. Essas associações representam familiares de pessoas desaparecidas em diversos contextos, incluindo aqueles que estão sob investigação relacionados à ditadura militar e outros casos de violência civil.
Fernanda Baldo, Oficial de Proteção do CICV, enfatizou a importância da articulação entre essas famílias, que têm se reunido anualmente para estabelecer uma agenda comum e um canal de diálogo direto com as autoridades. O objetivo é aprimorar os mecanismos de busca e criar redes de apoio que atendam às necessidades emocionais, jurídicas, e de saúde dessas famílias.
Um dos marcos dessa luta foi a criação do Movimento Nacional de Familiares de Pessoas Desaparecidas, que integra entidades de diversas localidades e fomenta a colaboração entre diferentes grupos, cada um atuando em suas realidades regionais.
Baldo também destacou a necessidade de construir um Banco Nacional de Amostras Genéticas e do Cadastro Nacional de Desaparecidos, que ainda enfrenta desafios de integração entre os dados estaduais. O compartilhamento de experiências com outras nações durante a conferência possibilita que o Brasil aprenda estratégias bem-sucedidas de busca e identificação de desaparecidos.
Hânya Pereira Rego, representante do Movimento Nacional de Familiares de Pessoas Desaparecidas, compartilhou que esse esforço se origina da luta dos familiares contra o desaparecimento forçado durante a ditadura. Ela destacou que a relação entre os familiares tem evoluído de um relato de dor pessoal para um diálogo mais estratégico e institucional. Esse amadurecimento é vital para que possam enfrentar os desafios impostos pelo estado e promover mudanças sistemáticas nas políticas públicas.
A conferência também trouxe vozes de outros países da América Latina, como a Colômbia, onde familiares enfrentam desafios semelhantes em meio a conflitos prolongados. José Benjamim Gamboa, representante da Associação de Familiares de Detidos Desaparecidos da Colômbia, ressaltou a importância de compartilhar experiências e estratégias com outros participantes, reforçando que a luta pela memória e dignidade das vítimas de desaparecimento forçado é uma questão universal que transcende fronteiras.
No contexto brasileiro, o encontro representa uma oportunidade crucial para a troca de boas práticas e a formação de uma rede solidária e eficaz que possa reivindicar direitos e exigir mudanças significativas tanto no atendimento às famílias como nas políticas de busca e apoio. A conferência, isolada em momentos públicos, serve como um espaço seguro para o fortalecimento dos laços entre aquelas e aqueles que compartilham esse profundo compromisso com a dignidade das vítimas e suas famílias.









