DIREITOS HUMANOS – Clube Militar realiza almoço de comemoração aos 60 anos do golpe de 1964, causando polêmica sobre memória histórica.

O Clube Militar está se preparando para realizar um almoço em comemoração aos 60 anos do golpe militar de 1964, que resultou na instauração da ditadura. O evento, agendado para o dia 27 de março, foi anunciado como uma oportunidade de “relembrar” o “movimento democrático” da época.

Após a tomada de poder pelos militares em 1964, os partidos políticos foram proibidos, e milhares de opositores ao regime foram presos, torturados ou mortos. Somente em 1985 as eleições para presidente foram retomadas de forma indireta.

Deborah Neves, coordenadora do Memorial Doi-Codi, ressalta a importância da luta contra o autoritarismo e a necessidade de esforços contínuos pela democracia. Segundo ela, a consolidação democrática é um processo diário que enfrenta desafios, incluindo o avanço de ideais antidemocráticos em várias partes do mundo.

Para mudar a realidade no Brasil, Deborah acredita que é essencial o comprometimento do Poder Público em garantir justiça e responsabilização pelos crimes cometidos durante a ditadura. Ela destaca a sensação de impunidade que persiste na população devido à transição negociada de poder após o regime militar.

No contexto do almoço, o general reformado Maynard Marques de Santa Rosa está previsto para fazer um discurso. Importante ressaltar que, apesar de já ter sido exonerado em 2010, sua participação no evento está marcada. Santa Rosa foi afastado do cargo devido a críticas feitas à Comissão Nacional da Verdade, criada para investigar os crimes da ditadura.

Agora, em seu segundo mandato, o ex-presidente Lula enfrentou críticas e pressões para demitir o general Santa Rosa, que também já ocupou a Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos da Presidência durante o governo de Jair Bolsonaro.

Em relação ao Clube Militar, que se autodenomina como um fórum de discussão sobre temas nacionais, o historiador Carlos Fico minimiza a importância do evento de comemoração do golpe de 1964. Para ele, a entidade não possui relevância política e os eventos organizados são apenas uma reafirmação da memória positiva sobre o golpe que anima certos setores da sociedade brasileira.

A Agência Brasil tentou entrar em contato com o Clube Militar para obter mais informações sobre o evento, mas até o momento não obteve resposta. Com debates sobre a memória e as consequências políticas do golpe de 1964, o almoço previsto é mais um capítulo na história brasileira que continua a gerar controvérsias e reflexões sobre o passado autoritário do país.

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