DIREITOS HUMANOS – “Chacina de Unaí completa 20 anos e revela a desigualdade profunda no Brasil”

Chacina de Unaí completa 20 anos e traz à tona reflexões sobre a desigualdade social

No último domingo, 28 de janeiro, completaram-se 20 anos da “Chacina de Unaí”, um crime que chocou o país e revelou a realidade do trabalho análogo à escravidão. O terrível episódio resultou no assassinato dos auditores-fiscais Eratóstenes de Almeida Gonsalves, João Batista Soares Lage, Nelson José da Silva e do motorista Aílton Pereira de Oliveira.

O historiador Gladysson Pereira, pesquisador da Universidade Estadual de Alagoas, destacou que a chacina expôs a profunda desigualdade social e evidenciou a ação dos privilegiados contra os desassistidos. Ele ressaltou que a falta de condições adequadas para fiscalizar o trabalho análogo à escravidão, mesmo em um período democrático, revela como os privilegiados agem contra os desfavorecidos, inclusive contra servidores públicos federais.

Pereira enfatizou que o crime ressalta o Brasil de uma desigualdade profunda e mostra inúmeros aspectos históricos que ainda impactam a sociedade contemporânea. Além disso, ele destacou que a luta contra o trabalho análogo à escravidão enfrenta desafios desde a Abolição da Escravatura, em 1888, até os dias atuais.

Valderez Monte, auditora fiscal aposentada e uma das coordenadoras do grupo móvel de fiscalização, lembrou que a chacina deixou a categoria ferida e temerosa, mas enfatizou que aqueles que trabalham nesta atividade o fazem por convicção e amor, visando a ajudar pessoas em situações degradantes.

Atualmente, Monte atua como pesquisadora no Instituto do Trabalho Digno, onde destaca a necessidade de mais auditores para lidar com o vasto território brasileiro e combater práticas semelhantes à escravidão que ainda persistem.

No âmbito governamental, o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, destacou que, em 2023, houve o resgate de 3.151 pessoas em condições análogas à escravidão no Brasil, o maior número registrado desde 2009. Além disso, ressaltou que as denúncias aumentaram 61% em comparação ao ano anterior, demonstrando um fortalecimento das instituições de fiscalização do trabalho.

O ministro Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, lamentou que o trabalho análogo à escravidão ainda seja uma realidade, mas destacou as ações do governo federal e pediu apoio da população, incentivando denúncias através do Disque 100.

Em meio a lembranças dolorosas e desafios persistentes, a “Chacina de Unaí” serve como um lembrete da importância contínua em combater o trabalho escravo e aprofundar os esforços para criar um ambiente de trabalho digno para todos os cidadãos.

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