DIREITOS HUMANOS – Casal flagrado imitando macacos em roda de samba é indiciado por racismo no Dia da Consciência Negra no Rio de Janeiro.

Em um desfecho marcante para a jornada de um caso que chamou a atenção para a questão do racismo no Brasil, o casal formado por um homem e uma mulher brancos, flagrado imitando macacos durante uma roda de samba no Rio de Janeiro em julho deste ano, foi indiciado pela Polícia Civil pelo crime de racismo nesta quarta-feira (20), coincidentemente, feriado do Dia da Consciência Negra.

O episódio ganhou repercussão após a jornalista Jackeline Oliveira se sentir profundamente ofendida com a atitude considerada racista e decidir registrar ocorrência em uma delegacia de polícia. O casal foi flagrado imitando macacos na noite de 19 de julho na Praça Tiradentes, uma região tradicionalmente boêmia localizada no centro da cidade do Rio de Janeiro.

As imagens colhidas durante as investigações integram o inquérito aberto pela Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi). Os acusados são dois professores, sendo um brasileiro e uma argentina, que foram interrogados pela Decradi durante o desenrolar das investigações.

O indiciamento se justifica pela associação negativa que o ato praticado promoveu em relação à população negra, carregando consigo uma carga histórica de racismo. A comparação entre pessoas negras e macacos foi amplamente utilizada ao longo da história para desumanizá-las e discriminá-las, o que torna esse tipo de comportamento extremamente prejudicial e ofensivo.

A conclusão do inquérito será apresentada ao Ministério Público, que poderá denunciar o casal à Justiça. A investigação, que durou quatro meses desde a notícia do crime até o indiciamento, contou com a análise de imagens, oitivas de testemunhas e interrogatórios dos acusados. Segundo a Polícia Civil, o tempo de investigação é considerado normal para esse tipo de apuração, sendo uma peça técnica que demanda tempo e cuidado.

Para Jackeline Oliveira, o indiciamento realizado no Dia da Consciência Negra é simbólico e traz esperança por justiça. Ela enfatiza a importância de denunciar casos de preconceito e discriminação, destacando que a luta contra o racismo é coletiva e essencial para garantir os direitos e a dignidade da população negra.

O crime de racismo é inafiançável e imprescritível, prevendo uma pena de dois a cinco anos de reclusão em caso de condenação. Este caso serve como exemplo para encorajar outras vítimas de racismo a denunciarem e buscarem por justiça, fortalecendo a luta por igualdade e respeito. A defesa do casal indiciado não foi encontrada para comentar o caso.

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