DIREITOS HUMANOS – Campanha Nacional de Coleta de DNA reascende esperanças de famílias de pessoas desaparecidas em todo o Brasil, após mais de três décadas de busca incansável.

Vera Lúcia Ranu carrega uma dor que persiste há mais de três décadas. Sua filha, Fabiana Renata, desapareceu em 1992, aos 13 anos, em São Paulo. Desde então, Vera não tem tido paz. A cada dia, ela vive a angústia da incerteza, mas continua a lutar incansavelmente pela verdade sobre o destino da filha. Em uma demonstração de resiliência, Vera se apresentou como uma das representantes do Movimento Nacional de Familiares de Pessoas Desaparecidas. Recentemente, ela participou do lançamento da terceira edição da Campanha Nacional de Coleta de DNA de Familiares de Pessoas Desaparecidas, que teve início no dia 5 de setembro e se estenderá até 15 de agosto de 2025.

A campanha, que iniciou em 2021, trouxe uma nova esperança para as famílias que enfrentam o tormento do desaparecimento. Vera, que participou da primeira edição, afirmou que a iniciativa representa uma luz no fim do túnel, especialmente para aqueles cujos entes queridos estão desaparecidos há muitos anos. “Quando começou essa nova jornada, do cadastro nacional e do banco de DNA, levantou uma esperança muito grande de encontrar, principalmente, os que estão desaparecidos há muito mais tempo,” compartilhou Vera sobre a relevância da campanha.

O objetivo dessa mobilização é a coleta voluntária de material genético de familiares, que será enviado para os bancos de dados de perfis genéticos. Com 334 pontos de coleta espalhados pelas 27 unidades da federação, a equipe está preparada para atender aqueles que ainda não contribuíram. Durante o evento, o secretário Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Mario Sarrubbo, destacou a importância de dar dignidade às famílias, muitos das quais carregam uma dor insuportável enquanto buscam respostas.

A coleta de DNA é um procedimento voluntário e deve ser feito preferencialmente por familiares de primeiro grau da pessoa desaparecida. Além do material genético, itens pessoais do desaparecido, como uma escova de dente, também podem ser utilizados. A coleta é simples e rápida, com a promessa de que seu uso será restrito a encontrar os desaparecidos.

O processo de busca por respostas é contínuo. As informações geradas durante a campanha são inseridas no Banco Nacional de Perfis Genéticos, onde serão cruzadas com dados de restos mortais não identificados e de indivíduos vivos em situação de vulnerabilidade. As famílias que receberem um retorno positivo, seja para um ente querido vivo ou falecido, poderão enfim obter alguma forma de fechamento em suas histórias.

Na edição anterior da campanha, foram registradas 1.645 coletas e 35 identidades de pessoas desaparecidas foram confirmadas. Embora o número possa parecer pequeno, cada uma dessas identificações representa um final para uma família que há anos viveu na incerteza. Glaucia Lira, uma mãe que infelizmente teve a confirmação do óbito de seu filho desaparecido, enfatizou a importância desse trabalho. Para ela, mesmo sem o desfecho desejado, ter respostas sobre o que ocorreu com seu filho foi essencial para se libertar da agonia de não saber.

Essa campanha não apenas simboliza a luta por justiça e respostas, mas também reafirma a necessidade de valorizar histórias reais e as dores que envolvem cada caso. As campanhas de coleta de DNA representam um esforço para homenagear as vítimas e suas famílias, trazendo esperança onde antes havia apenas desespero.

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