DIREITOS HUMANOS – Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas traz esperança a famílias após quase 30 anos de luta por informações unificadas e mais eficazes.

Uma imensa dor permeia a vida de Ivanise da Silva Santos há quase três décadas. Em dezembro de 1995, sua filha, Fabiana Esperidião da Silva, desapareceu a apenas 100 metros de casa, em São Paulo. Desde então, Ivanise se tornou uma incansável buscadora pela verdade e pela justiça, dedicando sua vida à causa dos desaparecidos. Para canalizar suas energias, fundou a Associação Mães da Sé, que atua em apoio a outras famílias que enfrentam a mesma angústia.

Recentemente, Ivanise teve um vislumbre de esperança. Ela esteve em Brasília para a cerimônia de lançamento do Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas, uma iniciativa do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Esse novo sistema pretende integrar diferentes bases de dados sobre pessoas desaparecidas, proporcionando mais agilidade e eficiência nos esforços de busca.

O momento foi visto por Ivanise como um marco em sua longa luta. Com emocionadas declarações, ela destacou a importância do cadastro, afirmando que ele beneficiará não apenas os familiares em busca de seus entes queridos, mas também os estados através de seus agentes. “A incerteza é uma das piores dores que existe; não desejo isso para ninguém”, relatou, expressando sua crença de que a nova ferramenta pode mudar o cenário atual dos desaparecimentos no país.

Em 2024, o Brasil registrou 81.022 casos de desaparecimento, dos quais 55.159 foram resolvidos, resultando numa significativa taxa de localização de 68%. Este novo cadastro não apenas contempla dados pessoais e fotos dos desaparecidos, mas também inclui funcionalidades específicas para o acesso de órgãos de segurança pública, prometendo informações mais detalhadas e um sistema de gestão de informações.

O lançamento do cadastro é uma resposta a uma demanda crescente por dados mais integrados e acessíveis sobre pessoas desaparecidas. Segundo especialistas, as informações atualmente estão dispersas em diferentes instituições, o que dificulta a formulação de políticas públicas eficazes. Um cadastro unificado promete proporcionar melhores coordenadas e uma abordagem mais eficaz na busca e prevenção de desaparecimentos.

Assim, enquanto Ivanise e outras mães como ela continuam sua incansável busca, a esperança renasce com a promessa de um sistema que, finalmente, pode transformar a dor da incerteza em respostas concretas. Kátia Liberato, outra mulher marcada pela dor do desaparecimento, previu que esse cadastro renovaria suas esperanças. Para ela, a possibilidade de que as informações possam circular de forma mais eficaz é um passo crucial em sua busca por encontrar a sua mãe, que desapareceu em 1999. Em um país onde a dor da incerteza é uma realidade para muitas famílias, esse novo cadastro representa uma luz no fim do túnel.

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