Esses dados foram coletados a partir de uma edição especial da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) e revelam um panorama histórico que começou a ser mapeado em 2016. Embora o recuo geral seja notável, a pesquisa também evidenciou um ligeiro aumento de 2,1% no número de crianças trabalhando entre 2023 e 2024, uma oscilação que, segundo especialistas, não representa uma reversão da tendência de queda. O analista do IBGE, Gustavo Geaquinto Fontes, ressaltou que essa variação é pequena e que o contexto ainda mostra um patamar baixo.
Analisando mais de perto os dados, a concentração do trabalho infantil recai sobre os adolescentes de 16 a 17 anos, que representam mais da metade dessa população em situação vulnerável. Este segmento passou de 14,7% para 15,3% em um ano. A discrepância também é visível entre diferentes etnias: enquanto 59,7% da população de 5 a 17 anos é composta por pessoas pretas ou pardas, elas correspondem a 66,6% dos trabalhadores infantis.
As desigualdades regionais se destacam, com o Sudeste apresentando a menor taxa de trabalho infantil (3,3%), enquanto a região Norte lidera com 6,2%. Além disso, um aspecto preocupante é a realização de afazeres domésticos. Mais da metade dos jovens de 5 a 17 anos desempenham tarefas em casa, e nesse contexto, mulheres predominam em comparação aos homens.
A situação do trabalho infantil no Brasil continua a exigir atenção e políticas eficazes para garantir a proteção e a dignidade das crianças e adolescentes. As tendências observadas, embora positivas, devem ser acompanhadas com rigor para evitar que oscilações comprometam os avanços conquistados nos últimos anos.