DIREITOS HUMANOS – Aumento alarmante: 117 milhões de pessoas deslocadas por guerras e clima; Brasil deve enfrentar riscos extremos até 2040, alerta Acnur.

Em um cenário alarmante, as crises globais levaram, em meados de 2025, aproximadamente 117,2 milhões de indivíduos a abandonarem suas casas, forçados por guerras, violência e perseguições. Deste total, cerca de 86 milhões, ou 75% dessa população, encontram-se aquém de um futuro seguro, enfrentando riscos climáticos severos.

Os dados foram recentemente atualizados pela Agência das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) em um relatório intitulado “No Escape II: The Way Forward”. O estudo destaca que as alterações climáticas têm desempenhado um papel significativo nas movimentações forçadas, refletindo uma tendência crescente. Somente na última década, desastres naturais, como tempestades e inundações, resultaram em 250 milhões de deslocamentos internos, uma média de 70 mil pessoas deslocadas diariamente.

A Acnur faz uma análise abrangente das interconexões entre eventos climáticos extremos e outros fatores, como conflitos armados e perseguições. Além disso, a crescente elevação do nível do mar e processos de desertificação configuram cenários que agravam a situação dos deslocados. O relatório enfatiza que as comunidades que abrigam essas populações também enfrentam condições precárias, demandando políticas que fortaleçam a resiliência tanto das populações deslocadas quanto das comunidades receptoras.

Uma projeção particularmente preocupante envolve o Brasil. Especialistas da ONU alertam que, até 2040, o número de países expostos a riscos climáticos extremos poderá saltar de três para 65. Muitas dessas nações já acolhe uma quantidade significativa de pessoas deslocadas, entre elas Camarões, Chade, Sudão do Sul, Nigéria, Índia e Iraque. Juntas, essas nações reúnem mais de 45% da população global que foi deslocada devido a conflitos, com metade dos mencionados países lidando com situações de fragilidade ou instabilidade.

O documento da Acnur aponta uma tendência alarmante para os próximos 25 anos: Campos de refugiados em regiões mais quentes poderão enfrentar quase 200 dias de calor extremo a cada ano. Diante da combinação tóxica de altas temperaturas e umidade elevada, muitos desses locais podem se tornar inabitáveis, aprofundando ainda mais a crise humanitária em curso. Este panorama exige não apenas atenção internacional, mas também ações urgentes e coordenadas para enfrentar a complexa interligação entre deslocamentos forçados e mudanças climáticas.