Na maioria dos estados, a política contra o racismo está posicionada em subsecretarias, coordenadorias ou superintendências dentro de secretarias temáticas mais amplas, principalmente de Direitos Humanos ou de Cidadania. Em alguns casos, a estrutura é restrita a um conselho consultivo onde a sociedade pode opinar sobre as políticas locais e seu impacto sobre a questão racial.
Representantes do movimento negro e especialistas em políticas para questão racial consideram que esse dado reflete a pouca centralidade do combate ao racismo nas esferas públicas do país. A integrante da secretaria operativa da Coalização Negra por Direitos, Ingrid Farias, ressalta que a presença no primeiro escalão representa um compromisso do Estado em executar as políticas públicas e avaliar seu impacto para o racismo em todas as áreas da sociedade.
A coordenadora da Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras, Cleusa Silva, destacou que muitas vezes as ações implementadas acabam sendo “para inglês ver”, ou seja, são medidas que não têm efetividade e são apenas uma aparência de enfrentamento ao racismo. Para ela, é necessário criar estruturas com poder de decisão e orçamento para que haja mudanças reais.
Em relação aos municípios, um levantamento do Ministério da Igualdade Racial identificou que apenas 18% das cidades brasileiras têm algum órgão que promove política de igualdade racial. Dos 5.568 municípios do país, 1.044 contam com alguma estrutura para combater o racismo. A adesão voluntária ao Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir) é baixa, com apenas 3,5% dos municípios brasileiros inscritos.
Portanto, os dados mostram que há ainda um longo caminho a percorrer para o fortalecimento das políticas de combate ao racismo no Brasil, tanto em nível estadual como municipal. A presença de estruturas efetivas, com poder de decisão e orçamento, é fundamental para a efetividade dessas políticas e para a promoção da igualdade racial no país.