Vladimir Herzog, que à época era diretor de jornalismo da TV Cultura, foi detido por militares em outubro de 1975. Ele se apresentou espontaneamente às autoridades do Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) em São Paulo, onde foi torturado e, posteriormente, assassinado. Para encobrir o crime brutal, os militares fabricaram uma cena de suicídio, uma estratégia comum na época para deslegitimar as vítimas e impedir a responsabilização pelos atos de violência estatal.
O advogado-geral da União, Jorge Messias, destacou a importância desse acordo, enfatizando que ele reflete o compromisso do órgão em promover a justiça histórica e a reparação de violações de direitos humanos. Segundo Messias, essa iniciativa demonstra não apenas a intenção de resolver conflitos de forma consensual, mas também a obediência aos preceitos constitucionais que garantem a dignidade humana e a justiça. “Dirimir conflitos de maneira consensual e promover a justiça histórica, além de serem mandamentos da nossa Constituição, são compromissos éticos da AGU”, declarou.
O caso de Herzog não é apenas uma lembrança trágica do passado, mas também um símbolo da luta pela redemocratização do Brasil. Durante a missa de sétimo dia em sua homenagem, realizada na Catedral da Sé, mais de oito mil pessoas se reuniram em um ato ecumênico, desafiando a repressão da época e clamando por liberdade e democracia. O reconhecimento e a reparação às vítimas da ditadura são passos fundamentais para construir uma sociedade mais justa e igualitária, onde as atrocidades do passado não sejam esquecidas.