DIREITOS HUMANOS – Advogado Sergio Bermudes falece aos 79 anos, deixando legado na defesa da democracia e dos direitos humanos na advocacia brasileira.

Na última segunda-feira (27), o mundo jurídico brasileiro lamentou a perda do ilustre advogado Sergio Bermudes, que faleceu aos 79 anos em decorrência de sepse respiratória, após um longo período de internação motivado por complicações da covid-19. Reconhecido como uma das figuras mais proeminentes da advocacia nacional, Bermudes deixou uma marca indelével em sua trajetória, marcada pela excelência técnica, comprometimento com a educação e uma defesa incansável das causas sociais, em especial no que tange à democracia e aos direitos humanos.

Nascido em Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo, em 2 de outubro de 1946, Bermudes formou-se em Direito pela Universidade do Estado da Guanabara, em 1969, e posteriormente se aprofundou na história do Direito, obtendo seu doutorado na Universidade de São Paulo (USP). No mesmo ano de sua formatura, ele fundou o escritório Bermudes Advogados, que se tornaria um referencia em contencioso e arbitragem, com filiais em diversas capitais brasileiras, incluindo Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Belo Horizonte.

Entre seus feitos mais notáveis, destaca-se a atuação em um caso emblemático que envolveu a viúva do jornalista Vladimir Herzog. O processo movido por Clarice Herzog culminou com o reconhecimento judicial de que o jornalista havia sido assassinado enquanto estava sob custódia militar, um acontecimento que se tornou um marco na história da Justiça brasileira.

Ao longo de sua carreira, Bermudes também se destacou no magistério, lecionando Direito Processual Civil na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) desde 1978, onde deixou um legado de ensinamentos e inspiração para diversas gerações de estudantes.

Em sinal de respeito e reconhecimento, o Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), entidade à qual Bermudes pertencia há quase quatro décadas, manifestou profundo pesar por sua partida e destacou sua dedicação exemplar à advocacia e ao fortalecimento das instituições democráticas. Em 2023, durante as festividades dos 180 anos do IAB, ele foi agraciado com a Medalha Teixeira de Freitas, a mais alta honraria da instituição.

O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) também se uniu ao lamento, decretando luto oficial de três dias em sua homenagem. O presidente da OAB Nacional, Beto Simonetti, ressaltou que “Sergio Bermudes reuniu talento, coragem e rigor técnico em uma trajetória que honra a advocacia brasileira”, enfatizando que sua ação firme em momentos cruciais da história do país deixa um legado imprescindível. O presidente da Comissão Constitucional, Marcus Vinícius Furtado Coêlho, lembrou que Bermudes foi sempre um inovador e um defensor fiel dos postulados constitucionais, afirmando que ele permanece vivo por seus ensinamentos e pela dignidade que sempre colocou em sua prática profissional.

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