No Equador, a reeleição de Daniel Noboa oferece um exemplo claro dessa tendência. Noboa, um jovem empresário, assumiu a presidência em um contexto de violência crescente, impulsionada pela atuação de grupos narcotraficantes. Sua plataforma, que enfatiza uma abordagem direta ao combate ao narcotráfico, conseguiu conquistar a confiança dos equatorianos, apontando que a prioridade agora é a segurança pública em detrimento das promessas tradicionais de bem-estar social.
Da mesma forma, na Bolívia, a vitória de Rodrigo Paz Pereira rompeu com uma longa hegemonia do partido de esquerda Movimento ao Socialismo (MAS). A crise interna que afeta este partido, assim como a crescente insatisfação popular com a segurança, permitiu que propostas de renovação das instituições e fortalecimento das forças de segurança ganhassem ressonância no eleitorado que, historicamente, era mais receptivo a ideias progressistas.
No cenário argentino, Javier Milei, presidente que se destacou também por sua ênfase na segurança, provocou uma forte reação no eleitorado, conquistando um apoio maior do que o previsto. A ascensão desses líderes conservadores coincide com a constatação da presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, que alertou as forças progressistas sobre a necessidade urgente de reconectar-se com as demandas básicas da população, especialmente dos mais pobres.
Esse cenário é ainda mais alarmante em países como o Equador, que, em uma década, passou a figurar entre os mais violentos do mundo, com um aumento dramático no número de homicídios. A deterioração da situação de segurança, portanto, não se trata apenas de uma questão ideológica; é uma resposta a crises reais, que demandam soluções eficazes.
O grande desafio para a esquerda latino-americana será reintegrar questões de segurança em suas agendas, sem abrir mão de seus valores fundamentais. O eleitorado, que busca soluções rápidas e eficazes, sinaliza que não terá paciência para diagnósticos acadêmicos ou propostas que não enderecem suas preocupações mais imediatas. Assim, as eleições recentes ressaltam um pêndulo político que, embora esteja se inclinando para a direita, deixa sempre em aberto a possibilidade de retorno a uma agenda progressista, dependendo da efectividade das novas administrações em resolver as questões de segurança e imigração.










