Em um estudo recente, cientistas conseguiram extrair o DNA de dentes de 13 soldados exumados em Vilnius, na Lituânia, durante escavações em 2002, conduzidas pela Universidade Aix-Marseille. A análise identificou duas infecções bacterianas específicas: a Salmonella enterica subsp. enterica (sorovar Paratyphi C), associada à febre paratifoide, e a Borrelia recurrentis, que causa a febre recorrente. As evidências genéticas dessas patologias foram publicadas na revista Current Biology.
Tanto a febre paratifoide quanto a febre recorrente apresentam sintomas como febre alta, fadiga intenso e distúrbios digestivos. A presença concomitante dessas doenças poderia ter exacerbado o já debilitante estado físico dos soldados, que enfrentavam adversidades severas como o frio extremo, a desnutrição e a falta de condições sanitárias adequadas. Apesar de significativas, as evidências ainda não permitem concluir o impacto exato dessas doenças nas altas taxas de mortalidade durante a retirada do exército francês da Rússia.
Esse estudo é uma continuidade de investigações anteriores que haviam já identificado patógenos relacionados ao tifo e à febre das trincheiras, associados à trágica campanha. Contudo, o número reduzido de amostras analisadas em relação ao grande número de corpos encontrados limita a possibilidade de um entendimento abrangente do papel das infecções naquela época.
A pesquisa foi realizada em colaboração com cientistas da Universidade de Tartu, na Estônia, e seu principal objetivo é ampliar o conhecimento sobre a evolução e a disseminação de doenças infecciosas ao longo da história, oferecendo lições que podem ser aplicadas na luta contra essas enfermidades nos tempos atuais. A campanha russa de Napoleão, marcada por sua retirada devastadora, não apenas enfraqueceu o exército francês, mas também teve repercussões estratégicas que alteraram o curso das guerras napoleônicas.









