Despedida Indesejada: Jornaleiro de 70 anos é Notificado para Deixar Banca Tradicional no Centro de São Paulo

Jornalista retrata a Saga de Deneval, Um Jornalista à Beira de Mudanças no Centro de São Paulo

Em meio ao movimento incessante de turistas e trabalhadores no coração de São Paulo, Deneval Santana, um jornaleiro de 70 anos, mantém sua banca na Praça Ramos de Azevedo há três décadas. Localizado em frente ao icônico Theatro Municipal, Deneval se destaca não apenas pela sua longevidade no lugar, mas também pelo carinho que demonstra aos seus clientes e à sua comunidade. Com um sorriso no rosto, ele diz: “Tô limpando a calçada com desinfetante”, revelando seu zelo pelo espaço onde trabalha. É mais do que uma banca de jornal; é um ponto de encontro e uma referência na área.

Entretanto, essa história está prestes a sofrer uma reviravolta. Recentemente, Deneval recebeu uma notificação da Prefeitura de São Paulo que o informa de sua necessidade de deixar a praça devido a obras programadas para o Viaduto do Chá e a Praça Ramos de Azevedo. A reforma, que está orçada em R$ 70 milhões, visa a construção de uma base da Guarda Civil Municipal no local onde Deneval opera.

Desatando sua frustração, Deneval questiona: “Por que tirar o comércio do lugar?”. Ele não aceita bem a mudança, e o sentimento é palpável. Para ele, havia um tempo em que o local era um ambiente sujo e, através de muito empenho, ele fez da praça um espaço mais limpo e convidativo. Sua jornada é marcada por lembranças, como a desativação da famosa loja Mappin, que ele viu durante sua trajetória.

A balança de benefícios e perdas pesando sobre Deneval não para apenas no âmbito pessoal. Sua colega de banca, Thaís Augusta, expressa preocupações semelhantes. Com 14 anos de trabalho na mesma localização, ela teme que uma nova mudança desestabilize sua base de clientes. “Toda a comunidade já me conhece. Mesmo que a banca se mude, reconquistar a clientela é um desafio”, lamenta.

Julio Cesar, outro jornaleiro da região, também comenta que a mudança pode complicar a dinâmica comercial do local. Ele menciona que não há espaço suficiente na nova localização para comportar todos os colegas que precisarão se deslocar. “Vai ser difícil, mas estarei pronto para acolher quem vier”, diz.

Embora ainda não existam datas definitivas para o início das obras, a expectativa é que elas comecem no primeiro semestre do próximo ano. A comunidade local está apreensiva com as mudanças que se avizinham e questiona o impacto que elas terão na vitalidade do comércio. Enquanto isso, Deneval segue firme, atendendo seus clientes e desejando que a importância de sua banca como um centro de informação e interação seja reconhecida. A resistência à mudança é visível, mas o espírito de comunidade e de luta por um espaço digno e valorizado se mantém vivo no coração de Deneval e de seus colegas.

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