O cálice, conhecido informalmente como “Cálice Scremby”, é confeccionado em liga de cobre e apresenta uma técnica sofisticada de esmaltação, com camadas de cores vibrantes, incluindo vermelho, água-marinha e um azul profundo. Medindo cerca de 5,7 centímetros de altura e com capacidade para 280 mililitros, o cálice se destaca não apenas por sua beleza, mas também pela complexidade de sua fabricação, que sugere uma origem romana e possível importação da França no século III d.C. A decorativa superfície do cálice é adornada com motivos de meias-luas e formas de coração, indicando a habilidade dos artesãos daquela época.
A disposição do cálice dentro do túmulo, ao lado da cabeça da falecida, sugere que o objeto pode ter desempenhado um papel cerimonial significativo durante o rito de sepultamento. A análise de resíduos coletados do interior do cálice revelou traços de gordura de porco que, curiosamente, não haviam sido aquecidos. Os pesquisadores especulam que essa gordura poderia ter sido utilizada para fins medicinais ou ritualísticos, alinhando-se a relatos de textos bizantinos que mencionam o uso desse tipo de gordura para tratar infecções.
Ainda há mistério em torno de como o cálice romano se tornou parte do enterro anglo-saxão. Duas teorias estão sendo consideradas: ele poderia ter sido recuperado de um sepultamento romano anterior ou mantido como uma relíquia familiar ao longo do tempo. Essa descoberta não apenas enriquece o entendimento sobre as práticas funerárias da época, mas também lança luz sobre as interações culturais entre os povos que habitavam o que hoje conhecemos como Inglaterra e seus vizinhos continentais. Assim, o Cálice Scremby torna-se um elo fascinante entre o passado distante e a história do Reino Unido.
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