A foice, composta de uma liga de cobre, está em estado relativamente bom, embora a ponta apresente uma fratura. O mais fascinante, no entanto, é que a lâmina curvada apresenta marcas visíveis de uso, indicando que o instrumento foi amplamente utilizado antes de ser enterrado. O encaixe da foice possui um anel lateral de suspensão e dois orifícios onde um cabo de madeira poderia ter sido anexado, possivelmente com estacas, para facilitar seu manuseio.
Segundo os arqueólogos envolvidos na escavação, um dos componentes fascinantes da descoberta é que uma estaca ainda permanece dentro de um dos buracos de fixação, sugerindo que pode ser feita de osso. Além disso, vestígios do cabo original foram identificados, permitindo que os especialistas tenham uma melhor compreensão de como o instrumento era utilizado em sua época.
A importância desta descoberta vai além do artefato em si; ela oferece uma visão da dinâmica do comércio de metais entre as comunidades que habitavam a costa atlântica durante a Idade do Bronze Atlântica Tardia. Esse período é marcado por um crescimento significativo nas trocas comerciais de bronze ao longo das costas inglesa e francesa, refletindo as relações sociais e econômicas da época.
A escassez de ferramentas como essa na França – a maioria das amostras conhecidas foram encontradas nas regiões costeiras do Canal da Mancha – ressalta a particularidade deste achado e a necessidade de continuar as investigações em sítios semelhantes. A cada nova descoberta, a história da interação entre culturas e a evolução dos métodos de ferramenta e agricultura se tornam mais claras, reacendendo o interesse por períodos históricos que moldaram o continente europeu.
