As agulhas de acupuntura foram encontradas cuidadosamente guardadas em um tubo de jade, dentro de uma caixa lacada dourada, próximo aos restos mortais de Liu He, um antigo imperador chinês. Apesar da corrosão que afetou os artefatos ao longo dos séculos, cinco fragmentos foram recuperados e analisados por especialistas. Os estudos revelaram que esses instrumentos médicos eram feitos de aço, produzido através de um avançado processo metalúrgico chamado “fritura”. Esse método envolvia aquecer o ferro a altas temperaturas e adicionar oxigênio de forma controlada, o que, por sua vez, remove impurezas e aumenta o teor de carbono, resultando em aço de alta qualidade.
Uma etiqueta de madeira encontrada junto às agulhas, inscrita com os caracteres “Nove Agulhas Completas”, fornece evidências adicionais de que esses instrumentos eram utilizados para fins médicos. Essa inscrição estabelece um vínculo direto com textos clássicos da medicina chinesa que descrevem nove tipos diferentes de agulhas empregadas na acupuntura, refletindo um conhecimento consolidado e uma prática médica já bem estabelecida na época.
A utilização do aço, ao contrário de outros metais como ferro, ouro ou prata, permitiu a confecção de agulhas finas e resistentes, semelhantes às que são empregadas na acupuntura moderna. Isso também minimizou os riscos de infecções, mostrando que os médicos da Dinastia Han já possuíam um entendimento profundo tanto da metalurgia quanto da saúde.
O túmulo do Marquês de Haihun, descoberto em 2011, é considerado um dos mais significativos sítios arqueológicos da China. Até o momento, mais de 10.000 artefatos foram recuperados do local, incluindo moedas, textos em bambu, armas e até armaduras raras, todos evidenciando a riqueza cultural e científica da época. Essa nova descoberta não apenas realça a importância da acupuntura na medicina tradicional chinesa, mas também reafirma o papel crucial da Dinastia Han no desenvolvimento do conhecimento médico e tecnológico ao longo da história. A conexão entre avanços metalúrgicos e práticas médicas já era uma realidade, preparando o caminho para o que viria a ser uma das tradições de cura mais duradouras do mundo.