Uma das características mais notáveis desta descoberta é a preservação dos túmulos, que se acredita ser resultado de inundações pré-históricas. Essas inundações criaram uma camada de sedimento que ajudou a selar os restos mortais e os artefatos presentes, permitindo que a necrópole se mantivesse intacta por milênios. Os arqueólogos encontraram não apenas os restos humanos, que foram cremados, mas também uma diversidade de bens funerários, que vão desde objetos decorativos a armas de metal e itens de vidro e âmbar. Essa variedade de artefatos indica que os povos que construíram a necrópole provavelmente interagiam e eram culturalmente influenciados por outros grupos da Itália antiga.
Além dos itens materiais, a descoberta de fibras têxteis sugere que tecidos foram utilizados para envolver as cinzas dos mortos, revelando aspectos dos rituais funerários da época. Francesca Gerosa, uma figura importante no governo provincial de Trento, mencionou como essa necrópole oferece uma nova perspectiva sobre a história da cidade, ampliando a visão anterior que a restringia a um mero centro romano.
Uma das estruturas mais imponentes encontrado na necrópole é a presença de estelas funerárias, que são altos pilares de calcário com até 2,5 metros de altura, erigidos para marcar os túmulos individuais. Estas estelas não apenas demarcam os locais de descanso dos falecidos, mas também refletem a organização social e os rituais associados ao status e ao privilégio das elites da época. Essa descoberta não só ilumina a compreensão dos rituais funerários, mas também recontextualiza a história da região, revelando a complexidade das sociedades que existiram antes da dominação romana. A nova evidência arqueológica está, portanto, reescrevendo a narrativa do que sabemos sobre a antiga Trento e seus habitantes.