A missão Cassini, concluída em 2017 e realizada em colaboração entre a NASA e as Agências Espaciais Europeia (ESA) e Italiana (ASI), já havia indicado a presença de jatos de grãos de gelo e vapores na superfície gelada de Encélado. A sonda, por meio de uma rede especial, conseguiu recolher amostras desses grãos e, para a surpresa dos cientistas, revelou a presença de moléculas que incluem precursores de aminoácidos, substâncias fundamentais para a vida como conhecemos.
Análises mais recentes comprovaram que essas moléculas não resultaram de reações causadas pela radiação cósmica, mas sim que se originaram de um oceano que se esconde sob a espessa camada de gelo do satélite. Entre as moléculas identificadas, destacam-se aquelas que contêm nitrogênio e oxigênio, além de compostos alifáticos, que são caracterizados por suas cadeias de átomos de carbono.
Khawaja enfatiza que é provável que tanto os compostos simples quanto os mais complexos encontrados em grãos de gelo armazenados no anel E de Saturno provenham desse oceano sob Encélado. Os cientistas suspeitam que essas moléculas possam ter sido sintetizadas em campos hidrotermais, lugares do fundo do oceano que emitem água quente. Na Terra, já há evidências de vida associadas a fontes hidrotermais similares.
Além disso, o entusiasmo gerado por essas descobertas levou a ESA a começar a planejar uma missão de acompanhamento com previsão de lançamento para meados de 2040. Nesta nova empreitada, espera-se que instrumentos de medição sejam enviados ao satélite natural de Saturno, com o intuito de extrair informações ainda mais detalhadas das partículas de gelo e, quem sabe, avançar no entendimento sobre a potencial habitabilidade de Encélado. A busca por vida extraterrestre ganha novos contornos e se torna um tema cada vez mais relevante na atualidade.
