Descoberta de lâmpada romana de 1.800 anos em Cuijk revela riqueza cultural e comercial do antigo assentamento de Ceuclum no maior cemitério romano da região.

Durante escavações no sítio arqueológico de Nutricia, em Cuijk, uma cidade localizada no Brabante do Norte, na Holanda, arqueólogos se depararam com uma descoberta impressionante: uma lâmpada romana a óleo, com aproximadamente 1.800 anos, que se encontrava em perfeito estado de conservação e rica em detalhes ornamentais. Essa lâmpada, que inclui uma intrigante máscara decorativa, é vista como um valioso símbolo dos rituais funerários da época e oferece novas perspectivas sobre as interações culturais e comerciais do antigo assentamento de Ceuclum.

A lâmpada foi encontrada no maior cemitério romano já identificado na região de Brabante, onde, além dela, mais de 70 sepulturas revelaram uma variedade de artefatos, incluindo moedas, joias e cerâmicas. O arqueólogo responsável pelo projeto, Johan van Kampen, enfatiza que a beleza artística e o simbolismo por trás desse objeto o tornam particularmente notável, sugerindo que seu propósito estava relacionado a guiar os espíritos dos falecidos em suas jornadas após a morte.

Com datação que remonta ao século II d.C., a lâmpada não apenas se destaca pela sua raridade — uma vez que ornamentos desse tipo são incomuns na região — mas também pelo elevado nível de sofisticação do artesanato romano. Embora outros exemplares de lâmpadas romanas tenham sido encontrados em Brabante, nenhum atingiu o mesmo nível de complexidade estética. De fato, uma peça semelhante já foi catalogada como única nos Países Baixos, evidenciando o requinte e a habilidade dos artesãos da época.

O cemitério está situado nas imediações do antigo assentamento de Ceuclum, que ocupava uma posição estratégica ao longo do rio Mosa, servindo como um importante ponto comercial e logístico entre as cidades romanas de Maastricht e Nijmegen. Durante o auge do período romano, Ceuclum funcionou como um elo vital nas redes de comércio e comunicação do império, conectando diversas regiões por meio de rotas fluviais e terrestres.

Os especialistas ficaram surpresos com a extensão da necrópole, que, segundo estimativas, ocupa uma área de cerca de 5,5 a 6 hectares, com a área escavada representando apenas uma fração desse total. A preservação excepcional dos itens encontrados pode ser atribuída aos costumes funerários da época, que protegiam os artefatos com areia logo após o sepultamento.

Van Kampen ressalta que cada escavação não apenas traz à luz novas histórias sobre os mortos, mas também sobre a vida diária daqueles que habitavam a região. Muitos dos itens descobertos parecem ter sido trazidos de longe, evidenciando que Brabante estava bem conectada às redes comerciais da época, o que reforça sua importância histórica e cultural.

Embora cidades como Nijmegen e Maastricht sejam frequentemente associadas a vestígios romanos, descobertas em Cuijk ajudam a retratar a rica tapeçaria da história de Brabante. Localizada na fronteira do império romano, a região era um ponto de confluência entre as realidades militares, civis e comerciais, refletindo a diversidade de um lugar que desempenhou um papel importante na história antiga da Europa.

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