O que torna a J2345-0449 um intrigante objeto de estudo são os enormes jatos relativísticos que ela emite, que se estendem por cerca de seis milhões de anos-luz. Esses jatos são considerados os maiores conhecidos em qualquer galáxia espiral e desafiam as convenções científicas, já que são características frequentemente associadas a galáxias elípticas, e não espirais. Essa peculiaridade leva os cientistas a reconsiderar o que sabemos sobre a evolução e a dinâmica das galáxias.
Pesquisadores envolvidos no estudo, utilizando dados do Telescópio Espacial Hubble, do telescópio de rádio Metrewave, em conjunto com outras análises espectroscópicas, descobriram que a J2345-0449 não apenas abriga um buraco negro supermassivo, mas também tem uma estrutura e evolução bastante distinta, sendo três vezes o tamanho da Via Láctea. Os dados levantam questionamentos importantes: se uma galáxia espiral consegue não só sobreviver, mas também prosperar sob tais condições extremas, o que isso poderia significar para o nosso próprio lar no cosmos?
Além disso, observou-se que J2345-0449 possui uma quantidade de matéria escura dez vezes maior do que a da Via Láctea, o que pode contribuir para a estabilidade de seu disco em rotação rápida. Essa nova compreensão pode nos oferecer um vislumbre do que o futuro pode reservar para a Via Láctea, especialmente em relação à presença de fenômenos de alta energia que podem impactar a vida planetária.
Os pesquisadores estão agora questionando se a Via Láctea um dia poderá passar por transformações similares e quão profundas seriam as consequências para a vida que abriga em seus braços espirais. A resposta a essa pergunta ainda está longe de ser encontrada, mas a jornada para compreendê-la pode nos levar a novas fronteiras do conhecimento astronômico.