Descoberta de Cidade Maia no México Revoluciona Entendimento Histórico com Complexo Científico e Ritual de 3 Mil Anos de Antiguidade.

Aguada Fênix: A Redefinição da História Maia

Recentemente, uma notável descoberta arqueológica no estado de Tabasco, no México, tem desafiado as concepções tradicionais sobre a civilização maia. Um extenso complexo ritual conhecido como Aguada Fênix, que se estende por quase 600 mil metros quadrados, foi identificado como um potencial centro científico e religioso datado de cerca de 1000 a.C. Este achado, que remonta a um período associado à formação inicial do império maia, lança luz sobre um fracasso da compreensão histórica anterior, que situava o auge da civilização em um período muito posterior, entre os anos 250 e 900 d.C.

As escavações, lideradas pelo antropólogo Takeshi Inomata da Universidade do Arizona, começaram em 2020, após relatos de camponeses locais que frequentemente desenterravam fragmentos de nefrita e ônix na região. Os especialistas ficaram surpresos ao descobrir que a quantidade de estruturas ritualísticas supera a de residências, com diversos edifícios sagrados atingindo até 15 metros de altura. Em torno do centro do complexo, foram mapeadas cerca de 500 construções menores, todas com traçados que revelam um planejamento cuidadoso.

A análise por datação por radiocarbono confirmou que as atividades de construção iniciaram no início do primeiro milênio antes de Cristo, um tempo de inovação arquitetônica que, até então, não era reconhecido. Em declarações, Inomata destacou que o que se observou em Aguada Fênix foi uma verdadeira “explosão” de arquitetura monumental, o que redefine o entendimento da evolução social e cultural dos maias.

Um dos achados mais intrigantes foi um poço ritual, repleto de machados cerimoniais e joias adornadas com gravuras de animais sagrados, como o crocodilo e o quetzal. Além disso, uma impressionante escultura no fundo do poço, em forma de cruz, apresenta pigmentos coloridos que fazem referência à cosmologia maia, sugerindo um profundo conhecimento astronômico.

As implicações desta descoberta são significativas. Não só Aguada Fênix pode ser o mais antigo observatório astronômico já descoberto na península de Yucatán, mas também indica que o poder político na região não era centralizado. Ao contrário de outras cidades maias, como Chichén Itzá, Aguada Fênix parece ter sido governada por líderes espirituais e intelectuais, destacando a importância do conhecimento e da espiritualidade em sua sociedade.

O antropólogo Xanti Ceballos Pesina, colaborador de Inomata, enfatizou que a identificação de outras “cidades científicas” semelhantes poderia forçar uma revisão abrangente da narrativa histórica da civilização maia. Se confirmadas as teorias sobre a função de Aguada Fênix, poderemos estar diante de uma nova era de compreensão sobre esta fascinante cultura que deixou um legado duradouro.

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