Os pesquisadores encontraram artefatos que remetem à antiga civilização tartessiana, um povo que habitou a península ibérica durante a Idade do Ferro. Os achados não só iluminam a prática religiosa desses antigos moradores, mas também fornecem um contexto mais rico para entender suas dinâmicas sociais e econômicas. O santuário descoberto é um testemunho da presença tartessiana na área e destaca a busca desse povo por novos recursos minerais, além dos domínios que já possuíam.
Estratégicamente posicionado em uma colina adjacente a uma formação vulcânica conhecida como o castillejo, esse local sagrado apresenta características arquitetônicas que ecoam os centros de culto fenício-tartessiano. Dentre as descobertas mais notáveis está um altar em formato de pele de touro, um design que já foi encontrado em outros santuários tartessianos, como os de Caura e Malaka. As escavações revelaram várias fases de uso para essa estrutura, que foi modificada ao longo do tempo, refletindo um profundo respeito dos usuários pelo local, além de práticas ritualísticas significativas.
Entre os itens encontrados estão fragmentos de cerâmica de origem grega, utilizados em banquetes rituais, e grandes recipientes usados na adoração da deusa fenícia Astarte. A descoberta de baetyls, ou pedras sagradas, também chamou a atenção dos arqueólogos, assim como restolhos metalúrgicos que indicam atividades de forjamento na área. Um dos aspectos mais intrigantes da escavação foi a identificação de um depósito ritual que continha ossos de animais e outros itens simbólicos, possivelmente ligados a práticas de adivinhação.
O professor Mar Zarzalejos Prieto, que lidera o projeto, enfatiza que essa descoberta é um marco na compreensão da cultura tartessiana e suas interações comerciais influenciadas pelos fenícios, revelando a estratégia desses antigos povos de controlar e integrar os recursos minerais locais às redes comerciais do Mediterrâneo. A pesquisa em La Bienvenida-Sisapo promete oferecer novas perspectivas não apenas sobre as práticas religiosas, mas também sobre as interações culturais na península ibérica ao longo da história.