Embora a vitória de Kast tenha sido celebrada como um marco, recebendo a maior quantidade de votos para um presidente chileno, com 7,2 milhões de sufrágios, ele enfrenta um panorama político complicado. O cientista político Marcelo Mella destaca que, apesar da vitória expressiva, Kast terá pouco apoio no Congresso, o que pode dificultar a implementação de suas propostas. O Partido Republicano, que ele lidera, não possui uma maioria nas duas casas legislativas, fazendo com que sua administração seja, em muitos aspectos, um governo de minoria.
Este contexto exige que ele adote uma postura mais conciliadora, contrastando com o discurso mais radical que marcou sua campanha. O doutor em Estudos Políticos, Daniel Grimaldi, aponta que Kast precisará negociar e buscar alianças, uma tarefa complexa, especialmente em um cenário onde as eleições parlamentares não são frequentes e nenhum partido detém a maioria absoluta.
Kast, de ascendência alemã e ativo na política desde 1996, tem um histórico que inclui ser vereador e deputado antes de fundar o Partido Republicano em 2021. Seu programa é centrado na segurança, com propostas polêmicas que incluem deportação de imigrantes indocumentados e reduções substanciais nos gastos públicos.
Além disso, sua admirada postura conservadora o aproxima de líderes como o presidente americano Donald Trump e o argentino Javier Milei, com quem já se prepara para se encontrar em sua primeira viagem internacional. A reunião, marcada para breve, simboliza uma aproximação entre ideologias que defendem uma maior liberdade econômica e uma menor intervenção estatal.
A posse de Kast está agendada para 11 de março de 2026, e os olhos do Chile e da região estarão voltados para como ele administrará as promessas de sua campanha em um legislativo que, pelo visto, se tornará um grande obstáculo em sua governabilidade.
