Deputados aprovam PEC da Blindagem, dificultando responsabilização e permitindo votação secreta para processos no STF e prisões, com apoio majoritário do Centrão.

Na última terça-feira, 16 de outubro, a Câmara dos Deputados deu um passo significativo em direção à aprovação da chamada PEC da Blindagem. Em uma votação em primeiro turno, a proposta de emenda à Constituição obteve 353 votos a favor e 134 contrários, superando o mínimo necessário de 308 votos para a aprovação. A PEC visa dificultar a responsabilização de parlamentares, exigindo autorização prévia do Congresso para que o Supremo Tribunal Federal (STF) possa processar deputados e senadores criminalmente.

Uma das principais inovações trazidas pela PEC é a possibilidade de que a Câmara ou o Senado possam barrar esses processos em votação secreta. Essa prática de voto secreto se estende também ao caso de prisão de congressistas. A aprovação da PEC foi marcada por um alinhamento curioso, onde a maioria da oposição apoiou a proposta. O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por sua vez, liberou sua bancada para decidir como votar, resultando em 12 deputados do PT favoráveis à proposta.

O texto constitucional atual já limita a prisão de parlamentares a casos de crimes inafiançáveis, como racismo e tortura, e a nova previdência traz um aprofundamento desse conceito. Antes de seguir para o Senado, o texto passará por uma nova votação em segundo turno na Câmara.

A PEC da Blindagem emergiu após uma reorganização na relatoria, onde Cláudio Cajado, do PP-BA, tomou o lugar de Lafayette de Andrada, que se opunha a certos pontos da proposta. Cajado defendeu a matéria como “simples e concisa”, sem “licença para abusos”. A proposta havia tentado ser votada anteriormente, mas enfrentou atrasos devido a motins de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, o que levou os opositores a negociações com o Centrão.

Causas políticas mais profundas também afloraram no contexto da votação. Membros do Centrão e bolsonaristas expressaram suas preocupações sobre a PEC, particularmente em relação aos efeitos que ela pode ter para futuras votações, como a anistia aos envolvidos nos eventos de 8 de janeiro. Bia Kicis, por exemplo, mencionou que o texto, apesar de aquém do esperado, garante parte das prerrogativas do Parlamento.

O governo, por outro lado, manifestou oposição à PEC, enfatizando que a prioridade deveria ser reformar a legislação do Imposto de Renda e não debater anistias. O presidente da Câmara, Hugo Motta, por sua vez, defendeu a PEC como uma resposta a abusos sofridos por parlamentares em episódios anteriores, reforçando a ideia de que a Câmara deveria retomar a inviolabilidade dos seus membros.

Além disso, caso a PEC seja aprovada pelo Senado, ela pode restaurar barreiras que foram eliminadas em 2001, quando a norma de licença prévia ao STF para processar parlamentares foi retirada. Essa mudança, segundo Cajado, visaria fortalecer a institucionalidade das Casas Legislativas e garantir um exercício pleno do mandato eletivo.

A proposta traz modificações significativas em relação à inviolabilidade dos parlamentares, ao foro privilegiado e aos processos criminais, estabelecendo um novo cenário para a atuação dos congressistas em situações legais, algo que promete impactar direta e indiretamente a dinâmica política do Brasil.

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