Demolições em Gaza Persistem Apesar de Cessar-Fogo
As tensões em Gaza se intensificam com a continuidade das demolições realizadas por forças israelenses, mesmo com um cessar-fogo oficialmente em vigor. Análises recentes de imagens de satélite revelaram que áreas sob controle israelense estão sendo alvo de destruições incessantes, incluindo prédios que parecia não ter sido danificados durante os combates.
Conforme a Organização das Nações Unidas (ONU) aponta, aproximadamente 81% das edificações na região foram afetadas desde o início das hostilidades em 2023, impactando severamente a infraestrutura vital da população local. A Cidade de Gaza, em particular, é uma das mais atingidas, com a região leste e o distrito de Shujayeh enfrentando um alto índice de demolições nas últimas semanas.
A situação é ainda mais preocupante com o crescimento de acampamentos para os deslocados internos, que surgem em áreas sob controle do Hamas. De acordo com acordos mediadores dos Estados Unidos, Israel mantém o controle de cerca de 53% da Faixa de Gaza, uma região que antes da escalada do conflito abrigava aproximadamente 1 milhão de palestinos.
Desde maio de 2024, o governo israelense implementou uma nova abordagem de destruição, que envolve a contratação de empresas civis para demolir bairros inteiros. Cidades como Rafah e o campo de refugiados de Jabalya estão praticamente ruínas, com a maioria das edificações destruídas.
Além da destruição física das infraestruturas, os dados indicam que cerca de 80% das estradas, 87% das terras agricultáveis e 80% das estufas em Gaza foram eliminadas, criando um cenário de crise alimentar e de deslocamento massivo. Especialistas calculam que existam cerca de 61 milhões de toneladas de escombros na área, cuja remoção levará anos, apresentando riscos devido à presença de explosivos não detonados e materiais tóxicos.
Estudos de organizações não governamentais indicam que cerca de 90% da população palestina perdeu suas residências, forçada a se deslocar repetidamente. Além disso, o exército israelense emitiu 161 ordens de retirada, expondo a população civil a condições de vida insustentáveis, repletas de doenças e violência.
Na chamada Linha Amarela, que divide as áreas sob controle de Israel do restante de Gaza, foram identificados 13 novos postos de controle militar, elevando o total para 48. O governo israelense alega não ter intencionalidade de anexar Gaza, embora membros da administração do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu expressem apoio a tal possibilidade.
O cessar-fogo, mediado por Donald Trump, tem sido alvo de acusações mútuas entre Israel e Hamas sobre violações. Recentemente, ataques israelenses resultaram em numerosas fatalidades, enquanto grupos rivais ao Hamas, em alguns casos com apoio implícito de Israel, exacerbam a instabilidade regional.
Neste cenário tenso, continuam as negociações sobre a futura governança de Gaza e a intenção de reconstrução do território. Netanyahu e Trump devem se reunir em breve para discutir temas críticos, incluindo a exigência de desarmamento total do Hamas, que até o momento foi categoricamente rejeitada pelo grupo palestino. As questões que envolvem quem irá governar Gaza no pós-conflito e a criação de um potencial Estado palestino permanecem sem solução.
