Defensoria Pública de Alagoas processa Braskem por danos estruturais em imóveis afetados pela mineração em Maceió, colocando moradores em risco de desabamentos.

A Defensoria Pública de Alagoas anunciou a intenção de processar a Braskem devido a danos estruturais em imóveis localizados nas áreas de risco determinadas pela Defesa Civil de Maceió. O defensor público Ricardo Melro, encarregado do caso, destacou que a responsabilidade pelos danos é, segundo a própria Defesa Civil, atribuída à atividade de mineração realizada pela empresa.

Os danos observados nas edificações têm gerado preocupação, principalmente porque muitas delas não recebem a manutenção adequada, expondo os moradores a situações de risco. Melro enfatizou a necessidade de a Braskem assumir a responsabilidade por essas reparações, uma vez que a mineradora causou os problemas de infraestrutura na região. De acordo com sua declaração, a posição da Defesa Civil apoia essa visão, reforçando a necessidade de ação.

Embora a Defesa Civil tenha sido questionada sobre a culpabilidade da Braskem, a entidade não se pronunciou diretamente sobre o assunto. Em sua resposta, reiterou que não há necessidade de realocação dos moradores, pois não existem riscos iminentes de desabamentos, ressaltando que a região é monitorada constantemente.

Entretanto, moradores da área, como Amauri Pereira de Sena, estavam preocupados com as graves condições das suas residências. Eles relataram rachaduras nas paredes e pisos ocos, evidências claras da deterioração estrutural. Outro morador, o repentista Elias Procópio, corroborou a situação, alertando sobre os riscos que essas condições representam.

Recentemente, um mapa de risco foi atualizado, e o colapso da mina 18 no bairro do Mutange ocorreu logo após essa atualização. Embora o bairro do Bom Parto tenha sido parcialmente incluído em planos de realocação, muitas outras residências permaneceram em áreas de risco, como na Avenida General Hermes, onde ainda há registros de rachaduras.

A mineradora Braskem já havia realocado aproximadamente 60 mil pessoas de cinco bairros afetados — Pinheiro, Farol, Bebedouro, Mutange e Bom Parto — e condenou cerca de 14,5 mil imóveis. Em comunicado, a empresa afirmou que vem promovendo ações desde 2019 para garantir a segurança dos cidadãos e mitigar os efeitos das intervenções em solo, sempre em conformidade com os estudos e acordos estabelecidos com as autoridades locais.

Um relatório recente do Comitê de Acompanhamento Técnico destacou que a deterioração não pode ser atribuída exclusivamente às atividades da Braskem, mas decorre de múltiplos fatores, incluindo falhas construtivas ao longo do tempo e a falta de manutenção adequada. Essa complexa situação representa um desafio tanto para a mineradora quanto para os moradores afetados, que buscam garantias de segurança e reparação diante de um cenário de incerteza.

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