Debatedores manifestam preocupações com aumento de tributos e violação aos direitos dos estados e municípios na audiência sobre a reforma tributária.

Em uma audiência pública da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) sobre a proposta de reforma tributária (PEC 45/2019) aprovada pela Câmara dos Deputados, especialistas e representantes de diversos setores levantaram preocupações e apresentaram sugestões para aperfeiçoar o texto que agora está em tramitação no Senado. Entre as principais questões discutidas estão o possível aumento de tributos, a insegurança jurídica, as distorções de alíquotas e a violação dos direitos dos estados e municípios.

Um dos debatedores, o professor de direito tributário da Universidade de São Paulo (USP) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Roberto Quiroga Mosquera, ressaltou a importância de preservar a segurança energética do país. Ele alertou que a tributação excessiva sobre a energia pode criar obstáculos para a renovação de contratos e desestimular investimentos no setor. Mosquera sugeriu que a energia seja classificada como um serviço essencial e que sejam reduzidos os tributos sobre fontes de energia limpa.

Outro debatedor, o consultor de empresas de energia elétrica, Rubens Rizek Junior, enfatizou a necessidade de uma abordagem mais incisiva da PEC em relação à energia renovável, de forma a se alinhar com políticas ambientais e desestimular o uso de combustíveis fósseis.

Representando o setor educacional privado, Emerson Casali, do Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular, cobrou um tratamento tributário especial para a educação privada. Ele destacou a importância do setor na geração de empregos e na redução dos gastos públicos. Casali defendeu a manutenção da neutralidade tributária para o setor e ressaltou a importância da previsibilidade e segurança na reforma.

Já o governador de Mato Grosso, Mauro Mendes, reconheceu os impactos da reforma tributária, mas ressaltou a importância de calculá-los e definir as alíquotas a serem pagas. Ele alertou para possíveis consequências, como a desindustrialização de regiões e a perda de arrecadação pelos estados produtores.

A questão de gênero também foi discutida durante a audiência. Representando o Grupo de Pesquisa de Tributação e Gênero da FGV, Luiza Machado Menezes destacou a importância histórica da reforma tributária para reduzir a incidência de impostos sobre produtos relacionados ao trabalho de cuidado, mais consumidos pelas mulheres. Ela ressaltou que diversos países já adotaram práticas para diminuir a discriminação de gênero na tributação. Outra integrante do grupo, Raquel Pretto, defendeu a importância da reforma para combater a regressividade tributária e a desigualdade de renda entre homens brancos e mulheres negras.

Diversos representantes de setores como tecnologia, indústria de calçados e profissionais liberais também apresentaram suas sugestões e preocupações em relação ao texto da reforma tributária.

Ao final da audiência, os senadores destacaram a importância do tema e a necessidade de uma reforma tributária bem planejada que leve em conta todos os setores da economia. O senador Vanderlan Cardoso, presidente da CAE, cumprimentou o Grupo de Pesquisa de Tributação e Gênero da FGV pelos estudos apresentados e ressaltou o aprendizado acumulado durante as audiências públicas.

A proposta de reforma tributária permanece em discussão no Senado, onde serão analisadas as sugestões apresentadas durante as audiências públicas.

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