Durante a audiência, a oposição se posicionou de forma crítica, questionando Amorim sobre sua influência nas relações exteriores do Brasil. O deputado Evair Vieira de Melo, por exemplo, rotulou-o como um “chanceler paralelo”, insinuando que sua proximidade com o presidente Lula poderia interferir nas decisões formais do governo. O diplomata, no entanto, defendeu sua posição ao afirmar que, em várias nações, existem cargos semelhantes ao seu, embora com diferentes denominações. Ele ressaltou que, na prática contemporânea, é comum que os chefes de Estado liderem a política externa de seus países, enfatizando que a figura do chanceler não é a única a conduzir essas relações.
Amorim sublinhou que sua função como assessor não confere a ele um poder desmedido, desmistificando a ideia de que a proximidade com Lula implica em maior influência nas decisões diplomáticas. “A impressão de poder não corresponde à realidade”, defendeu. Essa ideia é corroborada por especialistas em política, que apontam que o verdadeiro comandante da política externa é o presidente Lula, com Amorim exercendo a função de conselheiro.
O professor Ivan Filipe Fernandes, da Universidade Federal do ABC, comentou que a tensão entre a figura de Amorim e o chanceler Mauro Vieira não é uma questão de competição, mas sim uma dinâmica onde Vieira, apesar de sua postura discreta, é quem de fato lidera o Ministério das Relações Exteriores. Fernandes argumentou que as críticas dirigidas a Amorim por parte da oposição, ao chamá-lo de “chanceler paralelo”, desviam a atenção de questões mais substanciais que deveriam ser abordadas pela CREDN, como a crescente rivalidade econômica entre os Estados Unidos e a China.
Além disso, Amorim foi alvo de acusações de que a administração atual estaria promovendo uma ideologia de esquerda em suas relações exteriores. Os críticos ressaltaram a falta de um embaixador israelense no Brasil e a complexidade nas negociações com os EUA. Em resposta, Amorim defendeu que a política externa brasileira busca estabelecer conexões com Estados, independentemente de suas orientações políticas, reafirmando a posição do Brasil como um importante ator no cenário diplomático global.
Em suma, a audiência deixou evidente que, mesmo com o papel significativo de Celso Amorim, a liderança da política externa brasileira reside nas mãos de Lula, que é amplamente reconhecido por seu profundo envolvimento com temas internacionais. A discussão, portanto, abrange questões de grande relevância, além das disputas internas sobre cargos e títulos.