A curva de juros doméstica teve uma forte correção, com as taxas de longo prazo fechando mais de 20 pontos-base. Esse movimento foi motivado pela queda do dólar, que chegou a R$ 5,75, e pelas apostas de que o Federal Reserve começará a afrouxar a política monetária em junho, com uma redução acumulada de 75 pontos-base em 2025.
O economista-chefe do Banco Bmg, Flavio Serrano, explicou que essa queda nas taxas de juros foi resultado de um ajuste nos movimentos dos últimos dias, impulsionado também pelos dados do relatório ADP, que mostrou que o setor privado dos Estados Unidos criou menos empregos do que o esperado em fevereiro.
Para Beto Saadia, diretor de Investimentos da Nomos, os últimos dados econômicos dos EUA indicam uma possível desaceleração da economia americana, o que reforça a expectativa de juros mais baixos nos EUA e, consequentemente, no Brasil. Mesmo com alguns indicadores positivos, como os PMIs de serviços e as encomendas à indústria acima do esperado, o mercado continua apostando em uma redução acumulada de 75 pontos-base nos juros americanos em 2025.
A desvalorização global do dólar também contribuiu para a queda das taxas de juros no Brasil, segundo Saadia. No entanto, a repercussão negativa em relação à presidente do PT, Gleisi Hoffmann, na Secretaria de Relações Institucionais, gerou preocupações sobre possíveis medidas populistas do governo, aumentando o receio fiscal entre os investidores.
Apesar da leve queda nas taxas de juros mais longas, as projeções para a inflação e a Selic se mantiveram estáveis, sem grandes surpresas no boletim Focus. No geral, o mercado financeiro doméstico esteve mais atento aos movimentos externos e às expectativas em relação às políticas monetárias internacionais, refletindo em ajustes nas taxas de juros locais.