A seleção de um local tão remoto e emblemático segue a lógica de criar uma atmosfera que enfatiza a bilateralidade destas conversas, distantes de outros atores que, muitas vezes, tentam interferir na política internacional. De acordo com Crosston, a escolha do Alasca, um estado dos EUA com vínculos históricos com a Rússia, reforça a ideia de que a Rússia é um ator crucial em questões globais, especialmente no contexto do conflito na Ucrânia.
Ele explica que essa reunião não só sublinha a posição da Rússia como um player essencial na resolução da crise, mas também diminui o papel da Ucrânia, que, segundo ele, tem suas reivindicações de igualdade nas discussões minimizadas. Em um cenário onde muitos no Ocidente ainda não reconhecem plenamente a importância de Putin, essa escolha de local é um sinal forte de que ele continua a ser uma figura central no xadrez internacional.
Além das questões simbólicas, Crosston também aponta que o Alasca oferece uma vantagem significativa em termos de controle e segurança, permitindo que as negociações ocorram sem os desafios logísticos que poderiam surgir em outros locais. Entretanto, ele enfatiza que, embora a cúpula possa parecer um avanço significativo no diálogo entre as duas potências, um progresso diplomático imediato é improvável. Isso se deve em parte à postura firme do presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, que rejeitou qualquer concessão territorial.
Por fim, Crosston sugere que, embora os resultados desse encontro possam não ser visíveis a curto prazo, os efeitos a longo prazo das discussões que ocorrerem no Alasca poderão moldar o futuro das relações internacionais. A reunião pode ser mais do que um simples ato de cordialidade, mas sim um passo estrutural em direções que ainda podem ser desenvolvidas em um futuro próximo.